Faz alguns anos escrevi sobre a imensa e sempre surpreendente criatividade de Efigênia Ramos Rolim. Na época, 2001, ela participava da primeira exposição da recém-empossada gestão da Fundação Cultural de Curitiba, sendo o Presidente Cássio Chameki, Leandro Knopfholz o diretor de Ação Cultural e esta colunista a Consultora de Artes Visuais.
E o evento do qual Efigênia participava era a primeira edição do Curitiba Arte Design, um projeto de minha autoria, cuja exposição foi inaugurada em 05 de abril, no Solar do Barão.
Na verdade, era uma prévia que apresentava obras de artistas plásticos paranaenses, entre os quais aqueles que faziam referência ao vestuário em suas linguagens artísticas, porque haveria na programação uma seqüência daquela mostra. No mês seguinte, abriu a exposição Satélites da Moda, promovida pelo British Council, em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba, que trazia acessórios, em especial chapéus, sapatos e bolsas, explorando a fusão entre o mundo do artesanato e a moda de vanguarda inglesa, com destaque para a riqueza do design britânico contemporâneo do gênero.
Voltando a Efigênia, ela expôs no Museu da Gravura Cidade de Curitiba, ao lado de Denise Roman com suas mini-gravuras de vestidos, Anna Mariah Comodos com suas roupas e chapéus em tela de nylon, Maria de Lourdes Gomes com criações de roupas/gravuras de papel em preto e branco, Ana González com suas roupas elaboradas em pele de plástico colorido, Andréia Las com gravuras serigrafadas em camisetas, e as camisetas 50% de Rettamozo em perfeita consonância com a conceituação da mostra mais um toque de humor. Também participaram da exposição Curitiba Arte Design os pitorescos Museus Vestíveis de Hélio Leites e a arte de Kátia Horn.
Na mostra como um todo, e em especial na sala em que se apresentava, o destaque ficava por conta da exuberante confecção das vestes de papéis reciclados de Efigênia Ramos Rolim.
Além de artista plástica, ela é artesã, contadora de histórias, poeta, assobiadora e performer. Mineira, nascida em 21 de setembro de 1931, em Vila Granada – Abre Campo – Santo Antonio de Mati Pó, Efigênia detém um currículo invejável de participações em eventos e exposições, além de apresentações nas quais sua personalidade engendra histórias ao mesmo tempo em que a artista se transforma em personagens de seus contos. Extremamente versátil nestas performances, sua personalidade alegre e extrovertida cativa o público que se deixa levar e passa a se encantar com suas narrativas.
Recebeu o Prêmio Culturas Populares Mestre Duda do Ministério da Cultura em Brasília e a Medalha da Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro. Ela foi protagonista do Filme da Rainha premiado no Festival de Cinema no México e realizado pelo cineasta argentino Sergio Mercúrio.
Efigênia está incluída no livro didático Escola Arte do Grupo Positivo – Curitiba/BR, no capítulo Intenções e Soluções da Arte junto a Valtércio Caldas, Glauber Rocha e Ferreira Gullar.
Não sabia das suas filhas, que indiscutivelmente herdaram a verve e o talento da progenitora. São elas: a mineira Perpétua Auxiliadora Rolim Guedes, nascida em 1957, Terezinha Batista Guedes do Carmo, nascida em 1959 e a paranaense Maria do Rosário Rolim Guedes de Souza, nascida em 1962.
Perpétua Auxiliadora é empresária; Terezinha e Maria do Rosário são especializadas em tapeçaria e bordados em pedraria e todas elas, além de ter na formação inúmeros cursos em finanças, gestão cultural, artes recicladas, também ministram oficinas e trabalham com arte para fazer deste um mundo melhor.
Assim, são as quatro artistas que mostram – até 26 de setembro – um universo maravilhoso, cheio de encantamento e paixão pela arte na Sala do Artista Popular, anexa à Secretaria de Estado da Cultura. (Rua Saldanha Marinho, s/n – Informações: fone 41- 3321-4743).