A analista de compras Lilian Paula Rodrigues, 31 anos, decidiu enfrentar os preconceitos da sociedade e ficar solteira. Sem compromisso com ninguém desde 2008, a analista considerou os pontos positivos e negativos de ficar sozinha ou manter um relacionamento e decidiu que o casamento e a maternidade não faziam parte dos seus planos. Eu sou muito independente e o meu desempenho profissional me tornou mais exigente. É difícil achar um homem com o mesmo perfil batalhador e que aceite uma parceira bem sucedida. A verdade é que eles ainda preferem a superioridade no trabalho e na vida financeira e eu não aceito ser submissa, comenta Lilian.

Com uma postura bem definida em relação a sua vida amorosa, a notícia de que existem 3,9 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil não afetou Lilian, mas foi motivo de preocupação para muitas mulheres. E no Paraná a realidade não é diferente segundo o resultado do Censo 2010. Elas representam 50,87% da população paranaense e eles 49,13% . Curitiba é a cidade paranaense com menor percentual de homens, são 91 para cada 100 mulheres. Mas esta informação não é encarada como um problema para todas as mulheres.

Para a pedagoga e diretora da agência curitibana Par Ideal, Sheila Rigler, o resultado divulgado não é novidade. Faz tempo que a sociedade tem mais mulheres do que homens, por vários motivos. Eles morrem mais novos e com mais frequência em acidentes de carro, além de evitar os cuidados com a saúde, como o acompanhamento médico, comenta Sheila. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) um dos principais motivos da diferença populacional de homens e mulheres são os casos de morte violenta. Os dados mostram que os homens entre 15 e 17 anos morrem mais em brigas e acidentes de trânsito e a maioria dos bebês que morrem também é do sexo masculino.

O fato de encontrarmos menos homens do que mulheres na sociedade não é um problema para quem procura um par ideal. Para Sheila Rigler, nos últimos anos houve uma mudança no perfil das mulheres solteiras, que não tem mais o estereótipo da pessoa encalhada por situação financeira desfavorável ou aparência não atrativa. Elas são bem realizadas profissionalmente, tem bom poder aquisitivo, são bonitas e inteligentes, observa. Além disso, estar sozinha é uma opção, o que deixa alguns homens disponíveis para quem está em busca de um companheiro, complementa. Para a analista Lilian, o preconceito ainda é acentuado e até a família coloca um rótulo de “encalhada”. As pessoas não lembram que já morei junto com um namorado por um ano e meio, e que já tive outras oportunidades de casar, mas é uma opção que todos deveriam respeitar, comenta.

Buscar um casamento ou a maternidade não deve ser resultado da pressão da sociedade para apresentar uma estrutura familiar padrão, pois o resultado pode ser desastroso. Muitos divórcios e traumas de relacionamento são resultado de uniões impulsivas, comenta a diretora da agência curitibana Par Ideal. Lilian acredita nesta análise e afirma que já pensou em ser mãe, mas percebeu que atualmente as mães são provedoras como os pais e o tempo para a educação dos filhos é cada vez menor. Prefiro continuar com a dedicação ao trabalho, já tenho minha casa, meu carro e não quero ter filhos para deixar com uma babá.