A Abrale – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia – começa neste mês uma campanha de conscientização sobre o mieloma múltiplo, tipo de câncer hematológico que atinge quatro a cada 100 mil pessoas acima dos 60 anos e corresponde a 10% dos cânceres hematológicos. A doença, cuja causa ainda não é conhecida, ataca as células plasmáticas, responsáveis pela produção de anticorpos. O tratamento pode exigir um transplante de medula óssea.

 O principal sintoma do mieloma múltiplo são dores nos ossos e articulações, além de fraturas espontâneas. Por isso, boa parte dos portadores da doença procura ortopedistas para descobrir o que está errado. Parte desses especialistas, por falta de conhecimento aprofundado sobre a doença, demoram a encaminhar o paciente a um hematologista – o médico habilitado a tratá-la.

 !O paciente chega ao ortopedista reclamando de dores nas costas. Ele receita um anti-inflamatório. Assim, elimina somente a dor muscular, mas não as dores nos ossos. Quando os pacientes finalmente chegam ao consultório do hematologista, geralmente já estão em fase avançada, com fraturas frequentes ou até o colapso da vértebra, afirma Celso Massumoto, médico membro do Comitê Científico Médico da Abrale. Se não tratada, o quadro evolui para anemia severa e sangramentos.

 Como em todo câncer, quanto mais rápido o diagnóstico, maiores as chances de cura. Após cinco anos, a taxa de sobrevivência do paciente é de apenas 40%. Por isso, é necessário atingir tanto os pacientes quanto os médicos, avalia Merula Steagall, fundadora e presidente da Abrale. Celso concorda: o que falta é informação.

 A entidade distribuirá folderes e cartazes explicativos, com linguagem simples e direta, nos principais hospitais e centros de tratamento. A campanha, realizada em parceria com a Associação Brasileira dos Ortopedistas, também será divulgada nas principais rádios do país por meio de spot.

 O tratamento do Mieloma Múltiplo é feito à base de drogas como o Bortezomib (cujo nome comercial é Velcade), aliado ao Fosfato de Dexametasona (Decadron). O índice de resposta a estes medicamentos é de 45%, taxa alta para cânceres. Em pacientes mais jovens, a opção preferida pelos médicos é quimioterapia seguida de transplante de medula óssea.