A luta que ele trava não é mais nos ringues. Debilitado pelo Mal de Parkinson, doença que não tem cura, o homem que flutuava como uma borboleta e picava como uma abelha completa 70 anos nesta terça-feira (17).

Considerado o maior boxeador da historia, Muhammad Ali se recusa a abandonar o combate travado desde 1984 contra a doença, assim como o fez em 1974 no confronto com o então campeão dos pesos-pesados, George Foreman. Mais jovem e mais forte, Foreman golpeava Ali constantemente e com uma força tremenda. Mas o herói negro agüentou firme. Ousava, ainda, provocar o rival. E Foreman cansou. No oitavo assalto, o anti-herói americano aumentou a aura de mito que já carregava. Desferiu o golpe final com uma maestria inacreditável e recuperou o cinturão perdido anos antes para Joe Frazier.

Mas nem sempre Ali foi Ali. Seu nome de batismo é Cassius Marcellus Clay. O nome eternizado na história só viria após a conversão ao islamismo.

Campeão mundial dos pesos pesados pela primeira vez em 1965, um Ali ainda invicto perdeu o cinturão e a licença para lutar após se negar a ir ao Vietnã. Pôde voltar em 1970 e nos anos seguintes construiu a maior rivalidade da história, com Joe Frazier, que o derrotou e acabou com a invencibilidade em 1971, na Luta do Século.

Após recuperar o cinturão em 1974, contra George Foreman, Ali manteve o título em 1975, ao vencer Frazier numa das mais sangrentas lutas da história. Manteve o título até 1978, em vitórias difíceis e controversas, quando perdeu o cinturão para Leon Spinks. Recuperou o título na revanche (por pontos) e aposentou-se. Dois anos depois voltou numa triste tentativa de quarto título contra Larry Holmes. Ali se arrastou em dez rounds até seu técnico, Angelo Dundee, jogar a toalha.

Na última luta, contra Trevor Berbick, Ali resistiu até o fim, mas, com 39 anos, seu tempo já havia passado. Os últimos castigos foram decisivos para que Ali desenvolvesse o Mal de Parkinson, segundo os médicos. Ainda assim, 28 anos depois da descoberta da doença, o mito resiste. Resiste na luta contra a doença e resiste na memória dos amantes dos ringues.