A Câmara Municipal de Londrina aprovou ontem, a abertura de uma Comissão Processante (CP) para investigar o prefeito Barbosa Neto (PDT), acusado de improbidade administrativa por uso de seguranças terceirizados da empresa Centronic, contratados para atuar na administração municipal, para trabalhar na rádio Brasil Sul, de propriedade de sua família. Dos 19 vereadores, apenas um, Jacks Dias (PT), não votou, alegando problemas de saúde na família.
Com a abertura do processo, Barbosa Neto poderá ter o mandato cassado. Os vereadores tem prazo de 90 dias para apresentar um parecer ao plenário. O pedido de abertura da comissão foi apresentado ao Legislativo pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN), após aprovação pelos vereadores em dezembro do ano passado, do relatório da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Centronic.
De acordo com o relatório da CEI da Centronic no qual se baseou o PMN para apresentação da denúncia, Barbosa Neto foi negligente na administração e fiscalização do contrato com a empresa Centronic e ainda incorreu em conduta incompatível do cargo de prefeito em razão da utilização, na rádio de propriedade da sua família, de dois vigias da Centronic cujos salários foram pagos pelo município.
O relatório apontou que o prefeito cometeu infração político-administrativa ao se omitir ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do Município sujeitos à administração da Prefeitura, e por proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo. Ainda em dezembro do ano passado, logo após a votação do relatório da CEI o presidente do PMN e ex-secretário municipal de Defesa Social, Benjamin Zanlorenci, protocolou na Câmara de Vereadores o pedido para instalação imediata de uma CP contra o prefeito Barbosa Neto. O primeiro pedido foi arquivado pelo Legislativo soba a alegação de que não atendia aos requisitos legais.
Barbosa Neto esteve ontem na Câmara e liberou a bancada de situação a votar pela abertura da comissão. A visita provocou tumulto, já que pessoas presentes começaram a gritar palavras de ordem contra o prefeito, provocando a reação de aliados de Barbosa.
Na última quarta-feira, o ex-secretário de Governo da prefeitura de Londrina, Marco Cito, foi preso, em flagrante, sob a acusação de tentativa de suborno para evitar a abertura de investigação contra o prefeito. Segundo os agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Cito teria oferecido R$ 40 mil em propina ao vereador Amauri Cardoso (PSDB), para que ele votasse contra a instalação de uma Comissão Processante na Câmara Municipal, para investigar denúncias envolvendo a atual administração da cidade. Também foi preso o representante da Cooperativa Regional de Coleta Seletiva e Reciclagem da Região Metropolitana de Londrina (Cooprelon), Ludovico Bonato.
O ex-secretário foi preso logo após Bonato entregar R$ 20 mil em dinheiro a Cardoso. Cito foi preso na sequência, quando saía da Prefeitura. Segundo o vereador Amauri Cardoso, Cito e Bonato o teriam procurado para fazer a proposta de suborno, afirmando que falavam em nome do prefeito. Eles teriam ainda oferecido a possibilidade de novos pagamentos de propina, em votações polêmicas em discussão na Câmara. Ainda segundo Cardoso, os dois teriam dito que outros vereadores receberam o dinheiro para barrar a investigação.