A menos de um mês do prazo final para a definição de candidatura e alianças para as eleições municipais, as articulações para a disputa pela prefeitura da Capital começam a esquentar. No PMDB, um grupo de dirigentes de zonais do partido divulgou carta aberta ao presidente municipal da sigla e senador Roberto Requião, rejeitando a pré-candidatura de Rafael Greca e defendendo o apoio à reeleição do atual prefeito Luciano Ducci (PSB). No PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que deve ficar neutro no primeiro turno da eleição, o que significaria que ele pode ficar de fora do palanque do pré-candidato do PDT apoiado por seu partido, o ex-deputado federal Gustavo Fruet.
Pela legislação eleitoral, os partidos têm até o próximo dia 30 para definir seus candidatos e coligações. Entre as legendas mais expressivas, a principal dúvida é sobre a sobrevivência do nome de Greca na disputa.
Na carta a Requião, o grupo de peemedebistas pró-Ducci deixou claro que não aceita a imposição do nome do ex-prefeito, e aponta que levará à convenção municipal uma proposta formal de aliança com o prefeito. Não concordamos com a pré-candidatura de Greca, não o aceitamos como candidato do PMDB à Prefeitura de Curitiba. Seria um deboche com nossa história, um escárnio com nossa cidade, afirma o texto da carta dirigida ao senador, subscrita pelos deputados estaduais Reinhold Stephanes Júnior, Cleiton Kielse, Alexandre Curi e pelo ex-líder do governo Requião na Assembleia Legislativa e atual secretário de Estado do Trabalho, Luiz Cláudio Romanelli. O documento aumenta a pressão sob Greca, cada vez mais isolado dentro do partido.
A ala, que inclui a ainda o secretário-geral do PMDB de Curitiba e aliado de Requião, Doático Santos, apontou ainda que não pretende repetir a experiência da eleição de 2008, quando o então governador impôs a candidatura do ex-reitor da UFPR, Carlos Moreira Júnior, à prefeitura. Moreira levou o partido a um vexame, obtendo menos de 20 mil votos. Temos que aprender com os erros do passado. Não podemos apresentar um candidato que não tem nenhuma identidade com o partido, e que nos últimos embates eleitorais que travou, como candidato a deputado estadual, apresentou desempenho eleitoral pífio.  Seria um suicídio político e eleitoral, aponta o texto.
Perda – Já Lula, disse ao apresentador de TV, Carlos Roberto Massa, pai do pré-candidato do PSC à prefeitura, deputado federal Ratinho Júnior, que não participará da campanha em Curitiba no primeiro turno. A alegação é de que tanto Ratinho Júnior quanto Gustavo Fruet são candidatos de partidos da base do governo Dilma Rousseff e do PT. O Lula vai deixa a coisa correr naturalmente para que cada candidato coloque o seu projeto para discutir com a cidade. Só então, em um segundo turno, ele poderá se posicionar a favor de um ou de outro, disse o deputado do PSC.
A decisão de Lula representa uma perda siginificativa para Fruet, que contava com a popularidade do ex-presidente para alavancar a sua campanha. As pesquisas apontam que o petista é a liderança política que tem hoje o maior potencial de influência entre o eleitorado da Capital. Além disso, demonstra que ao contrário do que afirmam o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e sua esposa, a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, articuladores do apoio do PT paranaense a Fruet, Lula ainda não digeriu a atuação do ex-deputado como um dos líderes da oposição na CPI do Congresso Nacional que investigou o escândalo do mensalão durante seu governo.
Os dois fatos – a dissidência do PMDB anti-Greca, e o afastamento de Lula do palanque de Fruet – beneficiam o prefeito Luciano Ducci, que deve intensificar a partir de agora o assédio à legenda de Requião, visando um a aliança formal para a disputa. Caso a coligação se confirme,  além de um adversário a menos na campanha, e de mais tempo na propaganda eleitoral de rádio e televisão, Ducci conseguiria isolar o PT e enfraquecer Fruet.