O responsável pelo Primeiro Comando Regional da Polícia Militar do Paraná, coronel Ademar Cunha Sobrinho, pediu desculpas na Câmara Municipal de Curitiba à advogada agredida no Bairro Alto em uma abordagem da Polícia Militar no dia 24 de novembro. A convite da Casa, ele esteve reunido, ontem, com as Comissões de Segurança Pública e Especial de Direitos Humanos, juntamente com algumas das vítimas. Também estava presente o presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas, Elias Mattar Assad.
Peço escusas pelo que aconteceu. Não é normal este tipo de conduta na Polícia Militar. Não é normal o preconceito e isto tem ocorrido o mínimo possível na corporação, afirmou Cunha Sobrinho. O comandante informou que dois oficiais que estavam no comando da ação foram afastados para funções administrativas. Ao todo, 35 policiais foram ouvidos até agora. O inquérito tem 60 dias para ser concluído.
A advogada Andréia Cândido Vitor, uma das vítimas da abordagem, disse estar satisfeita com o resultado da reunião. O saldo foi positivo, volto a ter confiança na PM e fico mais tranquila. Espero a restauração emocional das pessoas que viveram a violência e a restauração profissional dos policiais que abordaram. Não tenho medo, tenho fé em Deus e no estado democrático, muito bem representado por esta Casa de Leis, disse.
Assad também considerou pertinente a intervenção da Câmara. A expressão máxima da democracia foi esta conversa na Câmara Municipal. Espero que a situação vá de fato às autoridades competentes e tenha caráter pedagógico para que a polícia atue dentro da lei. Fora da lei é barbárie, ponderou Assad.
Como resultado na reunião da Câmara, o comandante se comprometeu a promover reuniões na comunidade com a polícia. Vamos manter este contato para resgatar o respeito da população pela polícia e da polícia pela população, informou o presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Alto Planta Paraíso, Cláudio Santos
Na Assembleia — Mais cedo, o comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Roberson Luiz Bondaruk, participou de uma audiência com os deputados estaduais da Comissão de Direitos Humanso e da Cidadania da Assembleia. Bondaruk assegurou aos deputados que já está em curso o inquérito para apuração de abusos no procedimento realizado no Bairro Alto.
Bondaruk reconheceu e definiu o episódio como de comportamento técnico inadequado por parte de policiais, mas que cabe à Corregedoria da PM apurar os casos. Para ele, é importante a oportunidade para o esclarecimento do ocorrido, principalmente porque condutas que destoem dos padrões de atuação da polícia cidadã deverão ser analisadas com rigor.