O governador Beto Richa (PSDB) começa a semana enfrentando o desafio de remover os últimos obstáculos para a conclusão da reforma do secretariado. Richa deve se reunir hoje ou amanhã com a bancada do PMDB na Assembleia Legislativa para definir o espaço que caberá ao partido em sua nova equipe. A legenda, que tem a maior bancada na Assembleia, é considerada peça fundamental para reforçar o palanque de reeleição do governador em 2014.

Na semana passada, Richa anunciou a nomeação dos deputados federais Ratinho Júnior (PSC) e Reinhold Stephanes (PSD), para as secretarias de Estado do Desenvolvimento Urbano e da Casa Civil, respectivamente, entre outras mudanças. O objetivo principal da reforma é atrair PSC, PSD e PMDB para uma aliança formal para a disputa estadual do ano que vem, isolando o PT da ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, apontada como provável principal adversária do tucano na eleição para o governo.

A definição do tamanho do espaço que caberia ao PMDB, porém, esbarrou na falta de acordo entre os próprios peemedebistas sobre quais cargos seriam reservados à legenda, e quem os ocuparia. O ex-governador Orlando Pessuti (PMDB) chegou a confirmar ter sido sondado para assumir a presidência da Sanepar, mas alegou que não poderia tomar uma decisão antes de ouvir seu grupo político.

Apesar do governador, alegando não poder mais esperar, ter anunciado a indicação do atual diretor administrativo da Sanepar, Antonio Hallage, para a presidência da empresa, os peemedebistas acreditam que o partido ainda pode emplacar o comando da companhia. Outra possibilidade é o remanejamento do deputado estadual licenciado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) da Secretaria de Estado do Trabalho para a Pasta do Planejamento, hoje ocupada por Cássio Taniguchi. O deputado estadual Waldyr Pugliesi (PMDB) é cotado para assumir a Secretaria do Trabalho no lugar de Romanelli, abrindo caminho para que o suplente Luiz Carlos Martins (PSD) volte à Assembleia. Além disso, o partido ainda reivindica outra secretaria, que poderia ser a Pasta do Meio Ambiente, ou da Agricultura.

Compensação – As nomeações seriam uma forma de Richa contemplar a bancada do PMDB na Assembleia, que além de votar com o governo, garantindo a aprovação dos projetos da atual administração, atuou para isolar o senador Roberto Requião, dentro do partido. Em dezembro, a bancada se uniu a Pessuti, derrotando Requião na disputa pelo comando do Diretório Estadual da legenda, e elegendo o deputado federal Osmar Serraglio para a presidência regional da sigla. Com isso, ficou prejudicado o plano de Requião de ser o candidato do PMDB ao governo em 2014.

O problema é que apesar de unidos contra o senador, os peemedebistas seguem divididos. Serraglio mantém boas relações com o governo Dilma Rousseff e a ministra Gleisi Hoffmann, do PT. Pessuti também permanece próximo à direção nacional peemedebista, que defende o lançamento de candidato próprio do partido aos governos estaduais, ou alianças preferenciais com os petistas, em troca da manutenção do vice-presidente da República, Michel Temer, na chapa de reeleição de Dilma. E mesmo dentro da bancada do PMDB na Assembleia, há dúvidas sobre a viabilidade de uma aliança com o PSDB de Richa. Segundo essa avaliação, caso não tenha candidato próprio, o PMDB paranaense pode ser obrigado pela direção nacional a se aliar com o PT. Além disso, deputados do PSDB, DEM e outros partidos da base do governo Richa na Assembleia resistem em aceitar a formação de um chapão com a participação dos deputados peemedebistas, na eleição proporcional para o Legislativo no ano que vem.