A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) se prepara para abrir à visitação do público a histórica Casa Estrela. Reconstruída no campus Prado Velho da universidade, a residência a década de 1930 se tornará um centro cultural agregado a um museu que vai contar a sua própria história e concepção.
Até ser erguida no campus da PUC, a Casa Estrela percorreu um caminho de mais de seis anos. Foram anos praticamente abandonada no Alto da Glória, área nobre de Curitiba, até que a Casa Estrela fosse doada à PUCPR. A ação do tempo, os atos de vandalismo e os moradores de rua que, frequentemente se abrigavam no interior da construção, deram início a um processo de degradação do edifício.
Em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e com o subsídio de leis de incentivo a cultura, foi possível que a construção fosse desmontada peça a peça, levada para a PUC, onde foi reconstruída e restaurada guardando todas as suas características originais. O projeto todo é assinado pelo professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCPR, Cláudio Forte Maiolino.

História — A Casa Estrela é um dos exemplares mais originais da arquitetura de madeira de Curitiba. O nome é uma referência ao formato da construção, cuja planta é baseada em uma estrela de cinco pontas. Construída na década de 1930 pelo perito contador Augusto Gonçalves de Castro, a casa foi moradia para a família até os anos 1990.
Adepto da Teosofia e do Esperanto, o construtor escolheu dar uma forma à casa que simbolizasse os ideais pacifistas e de unidade dos povos que estas duas correntes expressavam. O contador levou aproximadamente quatro anos para concluir a construção. O trabalho foi desenvolvido com auxílio de ferramentas precárias e um lampião de carbureto, sempre após o expediente normal na empresa onde exercia a função de contador.
O vínculo entre o projeto Casa Estrela e a Universidade, possibilitou aos acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCPR participarem de todo o processo. Os estudantes que atuaram no levantamento arquitetônico, mapeamento, desmonte do edifício e remontagem puderam perceber na história da Casa Estrela o real papel do arquiteto, que além de projetar, constrói, desenvolvendo durante a obra os meios necessários para que a edificação aconteça, conta  coordenadora do Laboratório de Técnicas Retrospectivas da PUCPR, Nancy Valente.

A forma pentagonal de sua planta exigiu encaixes por vezes complicados, o que gerou soluções inusitadas, resolvidas nas próprias peças, aponta a professora. Ela (Casa Estrela) tem uma concepção arquitetônica muito interessante, porque traduz um pensamento, ressalta Maiolino. A data para que a Casa Estrela seja enfim aberta ao público ainda será definida, mas por enquanto encanta quem trabalhou nela. Daqui uns anos esses poucos exemplares (de arquitetura do passado) serão, realmente, objetos de estudo e admiração das pessoas, diz Maiolino.