O melhor indicativo para avaliar a qualidade do trabalho docente pode ser encontrado com os melhores especialistas em educação: as crianças! Sim, elas conseguem, em sua maioria, diferenciar docentes  dedicados e comprometidos de um profissional não tão apaixonado pela carreira do magistério, que apenas dá aulas. Na prática, professores bons são aqueles que promoveram alguma mudança na vida daqueles que passaram por eles, tocando suas almas de modo a fazer diferença em suas vidas de forma bastante significativa.
Em um dia de aula, onde uma discussão acontecia e muitos aguardavam com o dedinho levantado para falar, uma criança da turma expressou sua opinião sobre o fato de ficar esperando para manifestar sua opinião sobre os assuntos expostos. Disse que nas escolas, cada criança deveria ter direito a um professor, de forma exclusiva. Outra criança comentou em seguida que se fosse assim, então a professora da turma seria só a sua professora. Os demais começaram a falar juntos, relatando a mesma vontade, todos queriam a professora da turma só para si. Então, um dos alunos que adora assuntos científicos, disse que nesse caso, para evitar brigas, faríamos um clone da professora! Que delícia ser o centro da disputa entre crianças de uma turma de 2º ano do Ensino Fundamental… Melhor indicativo da competência docente não há!
O contexto atual exige uma nova postura do professor, que julgo ser o maior desafio, pois não cabe ao docente repetir as práticas educativas que nos foram passadas durante nosso processo de escolarização. O professor atual precisa instigar seus alunos em busca do conhecimento, para que a partir daí, seja capaz de produzir novas hipóteses, num processo de ressignificação. Novas práticas implicam em novos saberes. O papel do professor consiste em ser o mediador dessa nova exigência, saber para transformar e despertar o que Rubem Alves descreveu como o brilho dos inícios, encantar-se com suas descobertas. Certamente, quando o professor assume essa postura ousada, percebe-se o brilho nos olhos que faz com que as crianças se contagiem pelo mesmo elemento motivador trazido pelo docente, que consiste na busca do novo. Não importa o resultado, mas sim o processo, as lições aprendidas durante a caminhada em direção ao novo. Ninguém pode dar ao outro aquilo que não  possui, daí consiste a importância por parte dos educadores, de novas experiências que proporcionem novas leituras, ressignificações. O professor atual deve se reinventar, andar sobre caminhos desconhecidos, nunca explorados, abrindo novas trilhas. Essa experiência de vida pode ser prazerosamente compartilhada com as crianças, sendo o maior legado que o professor pode deixar às crianças, que carregarão suas valiosas lições, jamais encontradas em livros ou passadas como tarefas de casa.

Sabrina Rosa da Silva é pedagoga e professora do Colégio Expoente