Eliane Giardini não conseguiu descansar entre o papel que interpretou em “Avenida Brasil”, no ano passado, como a estridente Muricy, e a mãezona que encara agora no horário nobre na novela “Amor à Vida”. Ambos os folhetins são da Rede Globo e como se tratam de duas matriarcas bem defensoras dos seus filhos, a atriz revela que mudou totalmente o tom de sua voz para diferenciar uma personagem da outra.

Emendar trabalhos na TV não é novidade para ela, que começou sua carreira televisiva aos 40 anos e, em duas décadas, participou de tramas de sucesso, como as novelas “Renascer” e “O Clone”. Feliz com a personagem que faz na história escrita por Walcyr Carrasco e ciente da enorme repercussão de seu último trabalho na TV, a Muricy de “Avenida Brasil”, a atriz afirma que não fica com medo de possíveis comparações entre a enfermeira e a matriarca da família Tufão.

Aliás, o trabalho desenvolvido por ela com a equipe de “Avenida Brasil” vai estar sempre em seu coração. “Foi uma novela histórica, um trabalho árduo, mas, quando o trabalho é recompensando por um sucesso como esse, a gente fica num estado de graça”, declara Eliane.

Cheia de história para contar, a atriz se diz orgulhosa da trajetória realizada na TV e só pensa em se divertir com seu trabalho em “Amor à Vida”.

Em “Amor à Vida”, Ordália é uma mulher forte. Como é interpretar essa personagem totalmente diferente do seu último trabalho na TV, que foi em “Avenida Brasil”?
Eliane Giardini – Uma delícia! A Ordália é uma mulher positiva e pragmática. Ela é prática, voltada para a família e muito ligada às necessidades dos filhos, sempre dando suporte emocional e financeiro. É a primeira vez que trabalho com o Walcyr (Carrasco) e acho que a trama da novela é muito boa.

Você mal acabou de sair de “Avenida Brasil” e já entrou em “Amor à Vida”. Conseguiu descansar?
Eliane– Praticamente não deu tempo de parar e de descansar, até porque no final das gravações de “Avenida Brasil” eu já estava fazendo uma temporada da peça “Édipo Rei”. Aí, comecei a gravar “Amor à Vida”. Foi tudo muito seguido.

Pelo fato de Muricy ter ficado marcada junto ao telespectador, como você construiu a Ordália para ficar diferente da mãe do Tufão (Murilo Benício)?
Eliane -A Ordália é uma enfermeira, é mais comedida, uma mulher simples. Estou fazendo um tom mais baixo e trazendo suavidade para a Ordália.

“Avenida Brasil” foi uma novela que parou o País. Como foi fazer parte de um projeto tão vitorioso?
Eliane -Foi uma novela histórica, um trabalho árduo, mas, quando o trabalho é recompensado por um sucesso como esse, a gente fica em estado de graça. Aquela família ainda é uma família para mim, existe no meu coração. A vontade da gente, durante a novela, era a de ter um seriado da família Tufão. É bom no momento que você está fazendo ter consciência de que aquilo é muito bom e vai ficar para o resto da sua vida. É algo que não acontece em todas as novelas.

Há muito tempo não tinha uma novela com tanto sucesso. O que realmente fez o público ficar preso ao folhetim?
Eliane – Imagino que seja porque a classe média, emergente, estava sendo retratada entre os protagonistas. A nova classe brasileira se viu ali na novela. Talvez, pode ser também a agilidade na direção e na condução das cenas. A novela não tinha um, dois, três ganchos. Eram vários e o João Emanuel (Carneiro, autor) ficou quatro anos sem escrever novelas. Eu acho que ele ficou esse tempo todo escrevendo “Avenida Brasil”. Eu li a sinopse. Até o capítulo 100 foi rigorosamente igual ao que eu li antes.

“Avenida Brasil” tinha no elenco atores de peso, como Adriana Esteves, Murilo Benício, Marcos Caruso e Débora Falabella. Qual foi o segredo para manter a harmonia da equipe, sem egos inflados?
Eliane – Graças a Deus sempre tive sorte com os elencos que trabalhei e também sou uma pessoa fácil de conviver. Outro dia, eu estava conversando com uns amigos e falando da importância do teatro. Os atores que fizeram teatro têm uma noção de coletivo muito forte. E, quando você vai para a TV com essa carga, vai com uma facilidade de agregar elenco, de facilitar para a direção e figurino. É outra ótica e esse elenco tinha essa noção muito clara. Todos os egos estavam “muito” no lugar. Era muito gostoso o trabalho. A gente passava horas ali dentro. Mais do que a Muricy, para mim, ficou a família “Avenida Brasil”.

Apesar de ter começado tarde na TV, aos 40 anos, você é uma atriz que coleciona trabalhos marcantes, certo?
Eliane – Sinto-me satisfeita com tudo o que fiz até hoje e acho que comecei tarde na TV, mas, se tivesse iniciado aos 20 anos, eu estaria no mesmo lugar. Em 20 anos, fiz o que poderia ter realizado em 40 anos. Foram tantos trabalhos, como as novelas “Felicidade”, “Renascer”, “América”, “O Clone” e as minisséries “Um Só Coração” e “A Casa das Sete Mulheres”. Eu tenho um carinho muito grande pela Dona Patroa, de “Renascer”. Ela me abriu as portas da TV.