O papilomavírus humano, mais conhecido como HPV, é um vírus que afeta homens e mulheres e é considerado a principal doença sexualmente transmissível da atualidade. Apesar de existirem mais de 100 tipos diferentes de HPV, cerca de 15 são os mais graves e podem levar ao desenvolvimento de câncer genital – colo de útero, vagina, vulva e pênis. Apesar disso, pouco ainda se fala sobre o HPV.

A grande maioria das mulheres já pegaram ou pegarão HPV em sua vida. Não se trata de  promiscuidade. Precisamos falar mais sobre esta doença para acabar com os tabus, explica a médica ginecologista Maria Letícia Fagundes.

Segundo estatísticas, oito em cada 10 mulheres e homens já pegaram ou pegarão algum tipo de HPV. Mais grave que este número, está o de que no mundo inteiro, a cada dois minutos, uma mulher perde a luta contra o câncer de colo do útero, a consequência mais grave do HPV.

Esses números poderiam ser bem diferentes, segundo especialistas e estudos. Existem duas vacinas que protegem contra alguns tipos de HPV que causam o câncer de colo de útero. Porém são necessárias três doses da vacina e ela custa em torno de R$ 200 a R$ 350 a dose. É inadmissível mulheres morrerem por uma doença que pode ser evitada através de uma vacina, afirma Maria Letícia.

A diferença entre esses dois tipos de vacinas é que uma delas é bivalente, que previne contra os tipos 16 e 18 – presentes em 70% dos casos de câncer de colo de útero e a quadrivalente que ainda engloba os tipos 6 e 11 – presentes em 90% dos casos de verrugas genitais.

Há semanas, o Ministério da Saúde divulgou que a vacina contra o HPV vai entrar no calendário nacional de vacinação. Porém, o Ministério ainda não detalhou o modelo de vacinação a ser adotado e nem onde essas vacinas estarão disponíveis e a partir de quando.

Segundo Moacir Pires, diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Curitiba, ainda não há uma orientação do Ministério em relação às vacinas de HPV. O que se sabe, segundo ele, é que elas estarão disponíveis no 2º semestre para as meninas de 9 e 10 anos.

Essa faixa etária foi escolhida porque tem o objetivo de imunizar as meninas antes de qualquer atividade sexual. Assim a cobertura se mostra mais efetiva, afirma Pires.


VACINA DEVE SER FEITA NO INÍCIO DA VIDA SEXUAL
A recomendação é que a vacina seja feita antes ou logo no início da vida sexual para meninos e meninas entre 9 e 26 anos, com base em critérios de eficácia (formação de anticorpos). Porém, especialistas garantem que existem estudos que comprovam a eficácia da vacina em qualquer idade. Além de evitar o câncer de colo de útero, a vacina ainda evita a doença na laringe e no canal anal, portanto é importante que seja dada em meninos também.

Para Moacir Pires, a eficácia da vacina em mulheres que já têm uma vida sexual ativa é parcial. O diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria de Saúde conta que o mais indicado é fazer um exame de raspagem de células do colo de útero e ver se a mulher já é portadora de HPV. Caso ela seja, a vacina não retira o estado de portadora. Então ela se torna inútil, explica.

Pelo sim e pelo não, Mirian Gerber, de 50 anos, e sua filha Gabriela, de 14, fazem parte do grupo de mulheres que estão vacinadas contra o HPV. Mirian foi ao laboratório levar sua filha Gabriela para tomar a vacina e decidiu tomar também. Sei que não é a mesma eficácia do que nas jovens que ainda não iniciaram sua vida sexual, mas porque não tentar me proteger também?, disse ela, que recebeu a orientação de sua médica ginecologista para dar a vacina em sua filha. Gabriela, por sua vez, acredita ser a primeira de seu grupo de amigas a tomar a vacina e garante que vai divulgar a ideia.

Contaminação e diagnóstico
A transmissão do vírus HPV acontece principalmente na relação sexual – inclusive no sexo oral e anal – mas existe a possibilidade de transmissão vertical (mãe/feto). A maioria dos casos de infecção do HPV não causa nenhum tipo de sintoma e desaparece sem tratamento. Porém, em algumas pessoas ele pode se manifestar como verrugas genitais ou lesões, que se não forem tratadas podem progredir para câncer de colo de útero, vagina e vulva. Nesses casos em que o diagnóstico acontece, o tratamento pode ser clínico (com medicamentos) ou cirúrgico: cauterização química, eletrocauterização, crioterapia, laser ou cirurgia convencional em casos de câncer instalado. Dentre as precauções está o uso do preservativo, assim como para prevenir todas as outras doenças sexualmente transmissíveis.

  • 296% – Foi o aumento de pessoas vacinadas contra  no número de pessoas vacinadas contra HPV em 2012 no Laboratório Frischmann Aisengart, em Curitiba, em comparação com o ano anterior. As três doses da vacina são dadas com um intervalo de dois e seis meses.  Quando o HPV não apresenta sinais ou sintomas, é possível saber que está infectado realizando exames de rotina, como o Papanicolau.

NÚMEROS

  • Oito em cada 10 mulheres e homens já pegaram ou pegarão algum tipo de HPV
  • 20% dos que contraem o vírus apresentam sinal de infecção
  • 11% das que têm sinais de infecção evoluem para câncer
  • Os tipos 16 e 18 são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero
  • No mundo a cada 2 minutos uma mulher perde a luta contra o câncer de colo do útero
  • Os tipos 6 e 11 são responsáveis por 90% dos casos de verrugas genitais em homens e mulheres