Começou nesta segunda-feira (07) a 3ª Audiência Pública da Comissão Estadual da Verdade (CEV/PR), criada no início de 2013 pelo Governo do Paraná. Realizado na Câmara Municipal de Curitiba, das 14h às 21h, o evento é uma parceria com a Comissão da Verdade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PR), Comissão da Verdade da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça e Grupo de Trabalho pela Verdade do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Os trabalhos seguem até quarta-feira (09). 

Na abertura do evento, a secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes, destacou o objetivo da Comissão Estadual da Verdade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no Paraná durante o período de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988 e, também, auxiliar a Comissão Nacional da Verdade na produção do relatório nacional referente ao Paraná. São momentos de dor que a história precisa registrar. Nós lamentos esses atos do passado, cometidos no período da ditadura, e porque não queremos que isso volte a acontecer e nem que essas violências não se perpetuem, precisamos resgatá-las e divulgá-las, disse a secretária. 

O presidente da Câmara Municipal de Curitiba, o vereador Paulo Salamuni, referiu-se à ditadura militar como um período comandado por traidores da Pátria. Rasgar a constituição é trair a Pátria, afirmou o vereador. 

DEPOIMENTOS – O primeiro depoimento, cuja sessão foi coordenada pelo presidente da Comissão Estadual da Verdade, o professor da UFPR Pedro Bodê, foi de Francisco Luiz de França. Ele falou sobre as perseguições políticas sofridas durante os dois períodos ditatoriais: dos anos 40, sob o comando de Getúlio Vargas, e dos anos 60 a 80, conhecido como o regime militar. 

Com 91 anos de idade e filiado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) há 66 anos, Francisco França foi preso nos anos de 1949 e 1975, quando sofreu tortura, por sua atuação política contra as duas ditaduras. Sofri tortura física, psíquica e moral, disse ele, destacando que não basta conhecer quem foram os torturadores. Precisamos conhecer quem são os mandantes e quem financiou a ditadura, quem financiou os torturadores. Esses são os responsáveis, que precisam ser punidos. São os latifundiários, os industriais, os comerciantes? O Brasil precisa saber para responsabilizá-los, afimrou ele, que no período era conhecido pelo codinome Fagundes. 

NOVOS DEPOIMENTOS – A segunda sessão teve as presenças do ex-senador Francisco Leite Chaves, de Neusah Cerveira e Vitorio Sorotiuk. 

O segundo dia da audiência (08) terá os depoimentos dos ex-presos e perseguidos políticos Judite Trindade, Luis Alberto Manfredini, Carlos Frederico Marés de Souza Filho e Stenio Salles Jacob. No terceiro dia, quarta-feira (09), haverá os depoimentos de Cláudio Ribeiro, Claudio Benito Antunes Ribeiro, Cyro Viegas de Oliveira e Luiz Eduardo Greenhalg. 

Também está convocado para depor o então militar Mário Expedito Ostrovski, denunciado por Isabel Fávero, durante a 1ª Audiência Pública da Comissão Estadual da Verdade do Paraná, em Foz do Iguaçu, como um dos responsáveis pelas torturas sofridas durante o período em que ela permaneceu presa. O depoimento de Ostrovski, que era vinculado ao Exército na época, será no auditório Mario Lobo, no Palácio das Araucárias, em Curitiba, às 9h. Em seguida, no mesmo local, haverá o depoimento de outro perseguido político, Edésio Passos.