País líder na exportação de vinhos para o Brasil, no Chile sopram os ventos da modernidade, fato que, aliado às excepcionais condições de cultivo de uvas, entre elas a ausência da filoxera (parasita que devastou os vinhedos de todo o mundo, exceto os do Chile), propicia que os talentosos enólogos chilenos lapidem verdadeiras obras de arte. Outro fato marcante é a busca incessante por novos locais de plantio, usando toda a tecnologia disponível, incluindo satélites de última geração. O fato é que cada vez mais o Chile se firma como país de grandes vinhos, que ultimamente têm sido agraciados com notas altíssimas pelos principais críticos de vinhos.
A uva da vez é a Carmenère, que se acreditava extinta e que estava escondida no Chile, entre as parreiras de Merlot. O vale do Cachapoal é hoje o reduto da melhor Carmenère do Chile, que encontra numa localidade chamada Peumo, as melhores condições para se expressar com grande nobreza. Daqui saem os notáveis Carmim e Terrunyo Carmenère, duas preciosidades do acervo da Concha Y Toro.

A Cabernet Sauvignon é a uva mais plantada, mas devemos prestar atenção na Syrah, que é aposta certa para os próximos anos. Vinhos como o Ventisquero Pangea, Montes Folly Syrah e Matetic Syrah apontam de forma inequívoca para o sucesso da varietal. Entre os grandes vinhos do Chile estão ícones como o Casa Lapostolle Clos Apalta e o Almaviva, este último fruto da  associação entre a Baron Phillipe Rothschild (leia-se Mouton Rothschild) e a Concha Y Toro, além do Conde de Superunda, produzido pela Miguel Torres, em Curicó.  Outra uva em alta é a Pinot Noir.

No território dos brancos, as estrelas são a Sauvignon Blanc e a Chardonnay, coadjuvadas pela Riesling, em regiões como Casablanca, San Antonio, Leyda, Elqui e Limari.

Argentina, onde a Malbec dança o tango
Se existe uma uva ligada a um país, esse é, sem dúvida, o caso entre a Malbec e a Argentina. Nunca um país foi tão bem representado por uma varietal não nativa. Isso porque a Malbec, da região de Cahors, no sudoeste da França, se adaptou de tal forma na Argentina, que fica difícil falar de um, sem pensar no outro. Não por acaso, os grandes vinhos argentinos são baseados na Malbec, que expressa nos vinhos, deliciosos aromas de frutas escuras, mesclados a sutis notas de violetas.

Macios e agradáveis, são vinhos muito apreciados pelos brasileiros, que encontram nos um raro padrão de consistência e qualidade. Outras uvas de destaque são a aromática Torrontés e a caprichosa Pinot Noir, que vem encontrando na Patagônia (Rio Negro e Neuquén) sua residência ideal. Vinhos como o Chacra Treinta Y Dos Pinot Noir, Escohiruela Gascon e o Humberto Canale Pinot Noir são a prova inconteste desta afirmação.

Quais os vinhos mais importados no Brasil? Esta é meio fácil. Se você cravou Chile acertou em cheio. Se apostou na Argentina, não ficou longe. Nem é preciso ser especialista no assunto para chegar a esta conclusão. Basta percorrer os corredores dos supermercados e medir o tamanho das prateleiras de vinhos destes dois países para encontrar a resposta.

Mas o que talvez você não conheça são os números. Vamos a eles então.
Chile e Argentina juntos são responsáveis por 63,29% em volume de vinhos que entram no país. Só o Chile contribuiu com 43,08% nesta conta, restando 20,21% em volume para a Argentina. A conta em valor é um pouco diferente, os dois países juntos são responsáveis por 57,65% do bolo, mas o Chile continua na liderança (36,56%), seguido de Argentina (21,09%). Quatro países do chamado Velho Mundo – Portugal, Itália, França e Espanha – completam a lista.

Claro que há todo um contexto em torno destes números. Mas o maior deles é o mais óbvio: preço. As isenções de impostos do Mercosul, a alta do dólar e do euro (que deixam o vinho do velho mundo mais caro ainda), a proximidade destes dois países com o Brasil tornam o valor das garrafas sul-americanas mais palatáveis, aproveitem a proximidade e façam uma viagem a Mendoza, na Argentina ou ainda a Santiago, no Chile onde as vinícolas nesse país são bem próximas a Capital.

Tim Tim!