Após três meses de exposições e muitas atividades, a Bienal Internacional de Curitiba 2013 encerra o trabalho aberto ao público. Nesta edição, mais de 150 artistas dos cinco continentes apresentaram seus trabalhos em museus e espaços expositivos. As obras estiveram nas ruas, praças e ônibus da cidade em forma de intervenções urbanas, leituras de poesias ou performances. Isso sem contar a webarte, com trabalhos criados para o ambiente virtual.

Além dos curitibanos, que invadiram os espaços da Bienal, esta edição contou com público de todo o Brasil, bem como de outros países. Visitantes, jornalistas e curadores de locais como China, Suécia, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia, Argentina, Uruguai, entre muitos outros, visitaram Curitiba para acompanhar a programação da Bienal.

O Diretor Geral da Bienal Internacional de Curitiba, Luiz Ernesto Meyer Pereira, faz uma avaliação geral e o alcance do evento.

 

Qual foi o número estimado de visitantes da Bienal Internacional de Curitiba 2013?

Tivemos um milhão e duzentos mil visitantes. A Bienal Internacional de Curitiba 2013 esteve espalhada por toda a cidade, em museus, espaços expositivos, centros culturais, no espaço urbano, nos ônibus.

Um dos focos desta edição foi levar as obras de arte para a rua, para o meio urbano. Na sua opinião, o curitibano aceitou bem essa proposta?

As exposições em museus são essenciais, no entanto exigem o deslocamento do visitante. Um dos nossos grandes objetivos é fazer com que o público de arte aumente sempre mais e mais, que cada vez mais pessoas tenham vontade de sair de casa e ir até os espaços expositivos. Para isso, precisamos antes chegar nas pessoas, ir até onde elas estão para sensibilizá-las. Percebemos que os curitibanos estão abertos à arte que está nas ruas. Isso porque essas ações dialogam com o dia-a-dia das pessoas, dialogam com a cidade, com o espaço urbano. Colocar arte na rua é uma forma de interferir na rotina e fazer com que o cidadão tenha novas sensações no trajeto para casa ou para o trabalho, por exemplo. Vale lembrar que além de instalações, a Bienal também contou com performances nas praças, calçadões, ruas e museus; projeção de poesia e leituras em ônibus do transporte coletivo da cidade. Dado o número de citações e fotos postadas nas redes sociais, verificamos que a aceitação e interação dos curitibanos com a presença da arte nas ruas foi enorme. E todos ganham com isso.

Esta edição recebeu algumas importantes visitas estrangeiras. Você poderia citar algumas delas? De que forma essas presenças aumentam a repercussão da Bienal fora do Brasil?

A curadoria da Bienal Internacional de Curitiba 2013 foi muito feliz na escolha dos nomes que fizeram parte desta edição. Isso porque tivemos obras de renomados representantes dos cinco continentes em Curitiba. Essa reunião de artistas de destaque chamou a atenção de pessoas do mundo inteiro. Recentemente, o Rei Carlos XVI Gustavo da Suécia esteve em Curitiba e fez questão de visitar a Bienal. Entre os mais de 150 artistas participantes, quatro eram da Suécia. Além do Rei, recebemos também curadores e jornalistas estrangeiros. Entre eles, estavam Cristina Ruiz, do The Art Newspaper, uma das publicações de arte mais importantes do mundo. Vivienne Chow, jornalista do South China Morning Post, saiu da China para conhecer a Bienal. Quem também veio a Curitiba foi Joan Young, diretora curatorial do tradicionalíssimo Museu Guggenheim, em Nova York. Todos saíram encantados com as exposições. São agentes importantíssimos que voltam para seus países repercutindo positivamente não apenas a Bienal, mas também o nome de Curitiba, que ganha cada vez maior reconhecimento no Brasil e nos outros continentes quando se fala em arte contemporânea.

Além das artes visuais, a Bienal teve grande atenção com performances, literatura e webarte. Como foi o diálogo dessas diferentes manifestações?

A arte contemporânea tem as mais diversas linguagens. Em um evento que pretende apresentar o que de melhor é produzido em todo o mundo, é impossível deixar de lado algum tipo de criação por conta de sua proposta ou plataforma. Nesse contexto, essas diferentes manifestações dialogam entre si. Um bom resumo dessa convergência pôde ser encontrado no ônibus da linha Santa Cândida/Capão Raso, por exemplo. Do lado de fora, a obra “Casulos”, da reconhecida artista gaúcha Regina Silveira estampou bordados gigantes nos vidros e na lataria, chamando a atenção de quem o via passar pelas ruas da cidade. Do lado de dentro, mediadores da Bienal liam poesias de autores nacionais sobre Curitiba para os passageiros. Outro momento interessante foi a performance “Strange Bird”, do norte-americano Joseph Ravens. Enquanto uma fila enorme aguardava para entrar no Museu Oscar Niemeyer para conferir as exposições, o artista circulou pela parte externa do museu com um figurino que fazia referência à gralha azul, deixando todos encantados. Paralelamente a tudo isso, por toda a cidade foram distribuídos panfletos com códigos QR que, usados em smartphones, conduziam à página dedicada apenas à web arte. Ou seja, não apenas as diferentes linguagens dialogaram nesta Bienal, mas também o online e o offline.

Pudemos ver obras de artistas curitibanos em vários espaços da Bienal. Qual a importância de ter nomes da cidade entre artistas de várias partes do mundo?

Não fazemos questão de indicar os artistas de Curitiba com aquele termo “artistas locais”. Para nós, um artista da Ásia ou de qualquer continente é encarado com a mesma importância e relevância que os criadores de Curitiba. As reações dos visitantes, que viram uma seleção de obras de qualidade, mostram que estamos certos. Afinal de contas, as obras dos nossos artistas dialogam com as de estrangeiros. E isso mostra que o que é criado aqui está em condições de ser exposto nos mais importantes eventos de arte de qualquer lugar do mundo. É lógico que estar inserido em um evento de repercussão mundial pode ser um excelente vetor para alcançar novos olhares e é por isso que agradecemos e cumprimentamos os curadores pela cuidadosa seleção feita. Neste contexto, faço questão de ressaltar a importância do CUBIC, o Circuito Universitário da Bienal, afinal de contas exibimos trabalhos de artistas universitários, revelando novos talentos.

Já começaram a pensar na Bienal Internacional de Curitiba 2015? Haverá algum evento especial da Bienal antes da próxima edição?

A preparação de cada edição da Bienal mescla um período de reflexão sobre a edição anterior – quando avaliamos os pontos positivos e iniciativas que devem ser ampliadas – e o início da pesquisa e contato com a equipe de curadores. Neste sentido, já estamos dando os primeiros passos em direção à Bienal Internacional de Curitiba 2015. Antes disso, preparamos para 2014 uma nova edição do FICBIC, o Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba, que foi um sucesso em 2013.

Priorizando a premiação – e com isso, o fomento – da produção universitária por meio de uma mostra competitiva voltada a este público, o Festival contará ainda com mostra internacional, curtas nacionais e uma mostra infanto-juvenil que percorrerá espaços em todas as regionais da Prefeitura, além de uma programação em espaços expositivos. Esperamos que o FICBIC, que será ampliado em 2014, seja tão bem recebido pelo público curitibano quanto a Bienal foi em 2013.