O casal paranaense Paulo Peceniski e Andrea Ritzmann possui uma empresa de estojos para instrumentos musicais do país, a Solid Sound. Um dia, viu-se diante de um problema: o que fazer com os resíduos gerados pelos quase três mil quilos de espuma vinílica acetinada (EVA)? Esse material, uma borracha sintética e não reciclável, era utilizado pela fábrica paranaense todos os meses.

E veio uma solução criativa: transformá-lo em um tijolo. O EVA moído que seria descartado na natureza — e levaria muito tempo para se decompor, cerca de 250 anos —  passou a ser misturado a concreto. Como resultado, sai um bloco térmico e acústico. E também impermeável.

A solução, mais do que uma atitude ecologicamente correta, se transformou em alternativa para substituição do tijolo comum na construção civil. E tem como principais diferenciais as propriedades térmicas e de isolamento sonoro. Produzidos a partir de resíduos da fábrica, os blocos acústicos evitam o descarte na natureza ou aterros sanitários de cerca de 300 kg de EVA todos os meses e aproximadamente 3,6 toneladas por ano.

Certificado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), o bloco possui capacidade de absorção e isolamento acústico de até 37 dB (decibéis) e é ideal para ser utilizado em salas de ensaio e estúdios de música. Além disso, suas propriedades térmicas se mostram ideais para construções residenciais e comerciais em regiões de clima ameno e inverno rigoroso, típicos de cidades como Curitiba.

A nossa capacidade de produção ainda está em pequena escala, mas a eficácia e utilidade do produto nos indicam grandes possibilidades de expansão, afirmou Peceniski, diretor da Solid Sound. A fabricação deste novo material já gerou novos empregos para viabilização dos blocos acústicos. Sete mil unidades foram produzidas para construção da casa de 550 m² em que o casal reside em Curitiba. “Fomos os primeiros a testar a eficácia dos blocos. A casa ficou linda e perfeitamente adequada ao inverno de Curitiba”, disse Andrea, diretora de marketing da empresa.

EVA
EVA, sigla para espuma vinílica acetinada, é usado normalmente em artigos de festas infantis, elementos educacionais e artísticos e palmilhas ortopédicas. Trata-se de um polímero de lenta decomposição. Ao contrário dos materiais termoplásticos, que podem ser amolecidos e endurecidos repetidas vezes, o EVA solidifica-se através de uma reação química não-reversível por calor. Isso faz com que seja um material de difícil reprocessamento depois de moldado. Como o EVA tem uma massa unitária baixa, o volume gerado é muito grande. Além disso, o EVA não é biodegradável e leva de 250 a 400 anos para se decompor.


VANTAGENS
As propriedades do tijolo de EVA

. Solidez, graças à mistura com o concreto
. Grande capacidade de isolamento térmico
. Capacidade de reter até 37 dB (decibéis) de som, o que o torna útil para isolamentos acústicos — não só em estúdios de som, mas até mesmo entre paredes de uma casa ou apartamento
. Usado em construção civil, o EVA não seria atirado para se decompor na natureza. Ou seja, evita-se um problema ambiental.