Por Mariana Haubert

BRASÍLIA, DF, 22 de abril (Folhapress) – O relator do processo contra o deputado licenciado André Vargas (PT-PR), deputado Júlio Delgado (PSB-MG), apresentou parecer favorável para que o Conselho de Ética da Câmara investigue as relações de Vargas com o doleiro preso Alberto Youssef.

O relatório preliminar é o primeiro passo para que o colegiado inicie as investigações para decidir se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Vargas. No entanto, o conselho precisa primeiro aprovar o parecer apresentado hoje. A votação será feita na próxima sessão, no dia 29 de abril, porque o deputado Zé Geraldo (PT-PA) pediu vista do processo. “Quero deixar claro que isso não é uma posição do meu partido. É uma decisão minha”, frisou.

Vargas é acusado de ter usado um jatinho de Youssef para viajar de férias com a família, além de tráfico de influência no Ministério da Saúde ao negociar a contratação de um laboratório.

Para Delgado, as suspeitas são suficientes para iniciar as investigações. “O representado é detentor de mandato de deputado federal; há reportagens que relacionam a ele os fatos narrados e, ao menos em tese, o fornecimento de informações privilegiadas e a intermediação de interesses de terceiro junto ao Ministério, aliada a recebimento de vantagens, pode constituir ato incompatível com o decoro parlamentar”, disse.

A crise começou quando a Folha de S.Paulo revelou que Vargas viajou para o Nordeste com a família em um jato do doleiro. Logo depois, surgiram evidências de que o deputado agora licenciado fez lobby para a contratação de um laboratório pela pasta da Saúde. Preso como pivô da Operação Lava Jato da PF, Youssef está no centro da investigação sobre um esquema de corrupção que pode ter desviado mais de R$ 10 bilhões.

Na semana passada, Vargas havia anunciado que renunciaria ao mandato, mas recuou. O parlamentar justificou o movimento dizendo que, mesmo com a renúncia, o processo disciplinar aberto contra ele no Conselho de Ética da Câmara prosseguiria.

A cúpula do PT ainda pressiona para que Vargas renuncie o quanto antes.

Se o parecer de Delgado for aprovado na semana que vem, Vargas terá dez dias para apresentar a sua defesa e indicar até cinco testemunhas a seu favor.