Se você tiver 25 mil dólares para empregar em um voo entre Abu Dhabi e Londres – só de ida ou só de volta – vai poder usufruir de um verdadeiro apartamento em pleno ar. É lançamento da Etihad, companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos nos voos do A380. Residence é o nome da novidade da companhia, que é a menor de todas da região ( por enquanto, quatro vezes menor do que a vizinha Emirates).

A Residence tem uma cabine de 11,6 metros quadrados, decorada com luxo e será marca do A380, a partir de dezembro. Etihad destrona assim as concorrentes, que mantinham primazia no setor primeira classe.

O apartamento é um três peças, com salão, sala de banho com chuveiro e um quarto ocupado com uma cama grande, para uma ou duas pessoas. A tarifa de 25 mil dólares inclui também os serviços de um mordomo, inteiramente dedicado a esse cliente ou ao casal ocupante do apartamento. Uma tarifa comparável as que existem em jatos privativos ou iates. Residence vai estar brilhando também em voos de Abu Dhabi com destino a Nova York ou Sydney (Austrália).

A Etihad movimentou com esse lançamento todo o setor das companhias aéreas internacionais, com respeito à qualidade da primeira e business classes no mundo inteiro. São nove suítes de primeira classe, no nível apartamento. Cada uma tem uma poltrona e um canapé em couro, que se transforma em leito, além de penteadeira, minibar refrigerado, banheiro particular.

Quem quiser, pode conversar com o vizinho, graças a uma divisão móvel. De acordo com a direção Etihad, há um sólido mercado para tanto luxo, como famílias e os governantes do Golfo, os presidentes de companhias nacionais dos Emirados árabes, clientes que provocaram também a reformulação dos 71 novos aviões a serem entregues em dezembro próximo, que receberão suítes e studios, o nome que a Etihad escolheu para a classe executiva, um pouco menor do que a do A380.

Assim a companhia amplia o leque de serviços, partindo do mais alto luxo ( nec plus ultra) até a classe Econômica. Milhões e milhões de dólares estão sendo investidos no remanejamento e renovação da frota nos próximos quatro anos, quando a Etihad transforma todas as companhias internacionais das quais já participa: AirBerlin, Air Seychelles, Virgin Australia, Aer Lingus, Air Serbia, Jet Airways e Darwin Airlines. A próxima será a Alitália.

A Alitália vai permitir a entrada na Europa, com um grande número de voos. E também nas Américas, incluindo o Brasil. Outros destinos estão programados, aguarde. O objetivo é o de transformar a Alitália em uma companhia cinco estrelas, personalizada, que terá com embaixadores do luxo e do requinte nomes como Giorgio Armani ou Ferrari, símbolos do bom gosto italiano.

AIR FRANCE E SUA NOVA PRIMEIRA CLASSE
A Etihad provou astúcia e imaginação, lançando a Residence dois dias antes que a Air France fizesse em Shangai, diante de uma centena de jornalistas do mundo todo, a avant première de sua primeira classe renovada.

Mas nada se compara ao sonho de consumo dos viajantes, mesmo que não tenham 50 mil dólares para a viagem romântica com a namorada ou noiva. Só de ida. É mais uma batalha de marketing. Etihad colocou o seu ninho dourado na frente do A380, na ponte superior, lá onde nenhuma outra companhia conseguiu utilizar o espaço livre, porque é impossível colocar poltronas normais. A Air France, por exemplo, instalou telas que mostram fotos impessoais que os passageiros podem ver, enquanto conversam entre si. De pé.

Mesmo bela e elegante, além de espaçosa, a nova primeira classe da Air France, antes mesmo de começar a vender as viagens sofisticadas, já parece atrasada em relação ao calendário mundial de inovações, que a Etihad lançou no ar. A Residence começa a ser operada em dezembro, três meses depois da nova Première da Air France.

  Fotos: Divulgação
Na terra ou nos céus, um batalhão de funcionários  treinados na arte de  bem servir

Dormir como um sheik, o convite da Etihad

Os mais novos aviões, na mais nova companhia aérea, iniciada em 2003

Receber amigos para drinques ou jantar, uma opção na nova classe Etihad

Participando de várias companhias aéreas européias, a Etihad pretende alcançar as

grandes internacionais, mas quer ser conhecida como companhia cinco estrelas
Luxo e sofisticação em todos os ambientes: nos hotéis, no aeroporto, dentro dos aviões


UM RESORT DE SKI DE BILHÕES DE DÓLARES
Uma remota vila de montanha, caindo aos pedaços, foi transformada em sede dos Jogos Olímpicos de Inverno, na Rússia. Os grandes eventos mundiais ou internacionais acabam sempre sendo eventos políticos: véspera de eleições, necessidade de esconder problemas e má gestão. Essas coisas que a gente conhece. Foi em 2008 que a Rússia conseguiu a chance de sediar em 2014 os Jogos Olímpicos de Inverno. Na época, Krasnaya Polyana nem pertencia ao mundo desenvolvimento. O resort tinha algumas poucas ruas, com casas de madeira envelhecidas, e a estrada era feita de barro.

Um único hotel, Radisson, atendia aos que se dispunham a praticar ski, mesmo tendo que subir cinco quilômetros de estrada até Alpika. Com pistas rústicas, cadeiras de elevação antigas, esquiar acabava sendo um ato de fé e força de vontade.

Poucos anos depois, com um budget parecia infinito, fez Krasnaya Polyana dar um salto no escuro. Localizada em um vale do Caucaso, 40 quilômetros no interior da cidade de Sochi, no Mar Negro, era preciso dirigir 3 horas em estrada de terra, cheia de problemas, para chegar na região. Que havia crescido dez vezes do seu tamanho normal.

Hoje uma nova estrada de ferro leva 40 minutos para deixar visitantes no Parque Olímpico, onde foi construído o estádio principal no complexo esportivo. A ligação ferroviária e a estrada nova que segue ao lado, passam através de uma série de túneis cavados na montanha. É uma impressionante obra de engenharia, mas o que mais chamou atenção foi o custo: cerca de 8 bilhões de dólares. Alguém disse que o montante gasto daria para cobrir a estrada com uma camada de 1 centímetro de espessura de…caviar.

No total, os jogos de Sochi custaram mais do que 50 bilhões de dólares, 6 bilhões a mais do que foi gasto nos jogos da China, em 2008.Um evento que teve três vezes mais atrações do que os jogos na Rússia. Com a fama de ser o resort preferido de Vladimir Putin, hoje o povo local ainda espera pelo futuro, que foi apresentado como promissor.

Depois do jogos de inverno, tudo ficou abandonado. As casas que foram demolidas, acabaram virando lixo na praia. E o mar, cada vez que sobe águas, carrega o lixo para o oceano. Hotéis como Golden Tulip oferecem conforto para quem se aventura a passar fins de semana ou férias na região. Mais típico é o Patskha Achishklo, em uma alameda na velha Krasnaya Polyana, onde sempre há fogo na lareira, sofás cobertos com pele de carneiro e os vinhos tintos fortes são de Fanaforia, vinhedos distante 200 quilômetros ao norte de Sochi.

Um dos eventos que poderiam voltar a movimentar Sochi, teria sido a reunião dos G8, -hoje G7. Mas os desentendimentos políticos levaram a reunião dos países ricos parar na Suíça, neutra como sempre. Pelo andar da carruagem, mais uma faraônica estrutura esportiva, vai acabar como na Grécia: enferrujando, no meio de capim tomando conta de tudo. Já vimos isso em passado recente por aqui. Vamos ver o que o futuro nos prepara. Os gastos a gente já conhece.