SÃO PAULO, SP – Os governos federal, estadual e municipal afirmaram tomar providências para a regularização do funcionamento do pronto-socorro da Santa Casa de São Paulo.
O Ministério da Saúde da gestão Dilma Rousseff (PT) afirmou, em nota, ter recebido “com preocupação” a informação e que não foi avisado da “medida unilateral”.
Ele disse que a gestora do contrato é a Secretaria Estadual da Saúde, a cargo do governo Geraldo Alckmin (PSDB), e que entrou em contato com a pasta para saber as providências adotadas.
DEFASAGEM
O ministério afirmou ainda que os incentivos federais mais que dobram o valor anual de repasse à Santa Casa por procedimentos da tabela do SUS -que representam metade dos R$ 303 milhões previstos para 2014.
O Estado disse que auxilia entidades com recursos extras e que a Santa Casa receberá R$ 168 milhões este ano.
Ele divulgou que os repasses para essas instituições dobraram neste ano e são para “cobrir a defasagem de valores da tabela do Ministério da Saúde, congelada há anos”. Disse ainda que oferecerá ajuda à Santa Casa para racionalizar a gestão de recursos.
UPA
A gestão Fernando Haddad (PT) disse estar em contato com a entidade para oferecer medicamentos e materiais.
A Santa Casa cobrou a construção de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na região para atendimentos de baixa complexidade. A prefeitura disse que a obra deve ser concluída em 2015.
Especialista em gestão hospitalar, Julio Dornellis de Matos, presidente da federação gaúcha das Santas Casas, diz que a interrupção do atendimento era previsível.
“É uma tragédia anunciada. As Santas Casas são instituições vitais e têm que ter um tratamento prioritário por parte do governo federal.”
Segundo Matos, há 2.100 hospitais filantrópicos no país (sendo 383 Santas Casas), que representam 52% dos atendimentos no SUS. Em 2013, a dívida das Santas Casas atingia R$ 15 bilhões.
Ele diz que, a cada R$ 100 em custos, as Santas Casas recebem R$ 60 do poder público. Para Edson Rogatti, presidente da federação paulista das Santas Casas, “os governos federal, estadual e municipal precisam sentar e chegar a um acordo”.