A criminalidade, especialmente no interior do Paraná, é um dos responsáveis pelo aumento na procura por blindagem de carros no Estado. O interior, por conta do agronegócio, impulsionou em 30% a demanda por blindagem de carros zero e em 30% na demanda pela blindagem de carros usados, explica Marco Aurélio Senko, proprietário da empresa de blindagem automotiva MS Blindados, de Curitiba. Atuando no mercado do Paraná desde 2001, Senko conta que por mês são 10 carros zero e 10 carros usados que recebem blindagem. 

Os carros mais utilizados para blindar são o Tiguan, da Volkswagen, e Evoque da Land Rover. A média de preços chega a R$ 55 mil e o carro costuma ficar com 160 quilos a mais com as placas de blindagem, que garantem a segurança de quem está dentro do carro contra qualquer tipo de armamento de mão. A modalidade oferecida pela empresa é a nível 3 A, que precisa de autorização do Exército Brasileiro para ser realizada, por se tratar de material bélico.

Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin) revela que o número de carros blindados no país bateu recorde pelo quarto ano consecutivo. Em 2013, 10.156 veículos receberam a proteção. O número é 21,13% maior que em 2012, quando 8.384 carros foram blindados. Em 2011 e em 2010 foram blindados, respectivamente, 8.106 e 7.332 carros. A pesquisa contou com a participação de 31 blindadoras associadas à entidade e que representam 70% da produção total de veículos blindados no país.

Para o presidente da Abrablin, Laudenir Bracciali, a sensação de insegurança cada vez maior em todo o país é o fator principal que explica o aumento da procura pelo serviço. Com medo diante da violência urbana, muitos cidadãos, inclusive, substituem o investimento em um modelo de carro mais luxuoso por um modelo um pouco mais simples, mas com a segurança da blindagem, afirma.

Empresários do setor concordam e ressaltam a necessidade de o cidadão buscar alternativas de proteção. A blindagem automotiva cresceu consideravelmente no país porque tem ocupado o buraco na segurança deixado pela falta de ações efetivas de combate à criminalidade por parte do setor público, afirma Fábio Rovêdo de Mello, diretor da Concept Blindagens, sediada em São Paulo.

A estabilidade no preço do serviço ao longo dos últimos dez anos também foi mais um fator que impulsionou o setor, diz o executivo da empresa que blindou cerca de 750 carros em 2013.
No ranking divulgado pelo levantamento com os estados que mais blindaram veículos em 2013, São Paulo lidera, com pouco mais de 63,04%, seguido pelo Rio de Janeiro, com 12,18%. Os outros três estados que compõem o Top 5 são do Nordeste: Pernambuco (6,37%), Ceará (5,94%) e Bahia (2,84%).

Os quase 10% restantes do universo blindado estão distribuídos por estados de todas as regiões brasileiras: Amazonas, Pará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás, Rio Grande do Norte, Alagoas e Paraíba. Essa distribuição ilustra que a insegurança é um sentimento geral, não mais regionalizado, como acontecia há alguns anos, diz Bracciali.