SÃO PAULO, SP – O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, anunciou nesta quinta-feira (24) sua renúncia ao cargo, após cinco meses no cargo. O chefe de governo perdeu o apoio de dois partidos, o que lhe retira a maioria no Parlamento.

As agremiações que retiraram o apoio foram o Udar, do ex-campeão de boxe e prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, e o grupo de extrema-direita Svoboda, do líder político Oleg Tiagnibok. Os dois partidos formam duas das principais forças políticas que apoiaram a revolta que levou à queda de Viktor Yanukovich, em fevereiro.

Três meses antes, ele havia rejeitado um acordo com a União Europeia em favor da parceria com a Rússia. A retirada de apoio foi tomada para acelerar a convocação de novas eleições parlamentares, às quais se opunha o partido Batkivshina, de Yatseniuk e da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko.

Em discurso, o chefe de governo criticou a dissolução da coalizão, chamando a ação de “um crime político e moral”. Para ele, os ex-aliados retiraram o apoio porque ele pretendia votar leis impopulares para tentar recuperar a economia ucraniana.

“É compreensível. Quem iria concorrer às eleições e votar ao mesmo tempo leis impopulares? Colocar o interesse político acima do destino do Estado é intolerável”, afirmou Yatseniuk. Dentre os projetos, estava uma reforma tributária que aumentaria os impostos e a lei que permitiria vender a investidores estrangeiros metade de todos os gasodutos que passam pela Ucrânia.

“Não foram votadas as leis e não há dinheiro para pagar policiais, médicos, professores. Não há dinheiro para comprar um fuzil, para pôr combustível nos tanques”, lamentou Yatseniuk, citando as necessidades do exercito ucraniano para custear a campanha militar contra os separatistas pró-Rússia no leste do país.

ELEIÇÕES

Diante da renúncia, o presidente do Parlamento, Olexander Turchinov, pediu que as duas legendas apresentem candidatos para o posto de primeiro-ministro interino, que ficará à frente do cargo até que sejam realizadas eleições parlamentares.

Caso nenhum dos partidos consiga a maioria em 30 dias, o presidente Petro Poroshenko poderá dissolver o Parlamento e convocar novas eleições legislativas. Em nota, o chefe de Estado deu apoio à dissolução da coalizão de Yatseniuk. “Esta atitude mostra que uma parte dos deputados não está agarrada aos seus assentos e está ciente do sentimento dos eleitores”, ressaltou em um comunicado.

“A sociedade deseja uma revisão completa do poder”. A declaração fez referência à permanência de integrantes do Partido das Regiões, do ex-presidente Yanukovich, e de deputados comunistas, que demonstraram apoio à ação de grupos separatistas pró-Rússia no leste do país.