SÃO PAULO, SP – A CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) admitiu ter espionado indevidamente a rede de computadores da Comissão de Inteligência do Senado americano, que investigava o programa de detenções e interrogatórios da agência.
Em comunicado, a agência informou que fez uma sindicância interna na qual se concluiu que houve “ação inapropriada” dos agentes que acessaram o sistema do Senado, mas não deu mais detalhes sobre a investigação.
Segundo a CIA, o diretor do órgão, John Brennan, pediu desculpas aos dois senadores que lideram a comissão, a democrata Dianne Feinstein e o republicano Saxby Chambliss, e abriu uma comissão para decidir se punirá os agentes.
O reconhecimento acontece quatro meses após a revelação de que a CIA violou um firewall colocado na rede da agência que permitia a investigação pelo Senado de documentos que integravam o inquérito sobre tortura.
Na época, a senadora Dianne Feinstein acusou o órgão de violar garantias constitucionais ao espionar o Legislativo e de tentar encobrir violações de direitos humanos.
Semanas antes, a comissão havia revelado que foram destruídas as fitas que gravaram as cenas de tortura de agentes da CIA a presos por acusações de terrorismo após os atentados de 11 de setembro de 2001.
O grupo parlamentar também concluiu que as agressões foram meios ineficientes para obter informações sobre as ações da rede terrorista Al Qaeda. Na época, John Brennan negou a espionagem.
“Quando os fatos vierem a público, acho que muitas dessas pessoas que estão reclamando de ter tido a sorte tremenda de serem espionadas e monitoradas vão ver que estavam erradas”.
Segundo membros do governo americano, o pedido de desculpas ocorreu após uma tensa reunião com os dois senadores líderes da comissão de inteligência. Eles afirmam que chegou a haver um bate-boca entre Feinstein e Brennan.
A descoberta da espionagem da CIA ao Senado ocorreu em meio à discussão sobre o monitoramento feito pela NSA (Agência de Segurança Nacional) aos cidadãos americanos, revelada em junho do ano passado pelo ex-técnico Edward Snowden.