FELIPE GUTIERREZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA – Mesmo depois de um calote técnico, o índice Merval, do mercado de ações de Buenos Aires, subiu 1,69%.
Na quarta-feira (30), vencia um prazo de pagamento da dívida argentina. No entanto, uma decisão da Justiça dos EUA determinava que os credores só receberiam caso o país acertasse uma conta que não reconhece.
Como resultado, parte dos credores do país, que aceitaram a renegociação da dívida e trocaram seus títulos em 2005 e 2010, tomaram um calote.
Maximiliano Castillo, diretor da consultoria ACM, dá três explicações para isso. Havia ações com preços baixos depois de uma queda 8,39% na quinta (31). Muitos argentinos procuram ativos para se proteger da inflação.
E, finalmente, pode ser que o mercado financeiro acredite em um acerto entre grandes bancos e os fundos que detém a dívida em litígio, hipótese que vem sido aventada.
“Os preços podem ter sido sustentados por essa expectativa, mas creio que a chance de um acordo é pequena. A dívida iria custar cerca de US$ 1,6 bilhão, mas dificilmente eles conseguiriam vendê-la por esse mesmo preço ao governo no ano que vem.”
Agustin Etchebarne, economista da fundação Liberdade e Progresso, também afirma que o governo argentino não irá pagar esse valor no ano que vem, pois, na verdade, o que o impediu de acertar agora com o NML foi “falta de vontade de pagamento”.
O governo afirma que não pode pagar porque, daí, por contrato, teria que estender as condições a todos os credores, inclusive os que trocaram seus títulos em 2005 e 2010.