SÃO PAULO, SP – Um palestino morreu na manhã desta quarta-feira (20) em um novo ataque da aviação israelense em Gaza, o que eleva a pelo menos 10 o número de palestinos mortos desde o fim da trégua no território, anunciaram fontes médicas. Mais cedo, também na manhã desta quarta, um ataque aéreo de Israel matou seis pessoas, incluindo três crianças. O bombardeio atingiu uma casa em Deir el-Balah e matou um homem de 32 anos, sua mulher, grávida, os três filhos do casal e um tio das crianças. A mulher e uma filha do líder militar do Hamas, Mohammed Deif, também foram mortas em um ataque aéreo de Israel durante a noite em Gaza, revelou Mussa Abu Marzuk, que faz parte do movimento radical palestino. Durante a noite, o braço armado do movimento Hamas, que controla Gaza revindicou vários disparos de foguetes em direção a Israel, incluindo um que atingiu Tel Aviv e outro em direção a Jerusalém, as duas principais cidades israelenses. De acordo com o Exército, ninguém ficou ferido. As hostilidades foram retomadas na terça-feira (19) com o lançamento de foguetes palestinos contra o Estado de Israel e ataques israelenses em represália, rompendo a trégua que estava em vigor. Sami Abu Zuhri, um dos porta-vozes do Hamas, negou que o grupo tenha atacado primeiro e violado o cessar-fogo. A quebra do cessar-fogo interrompeu as negociações no Cairo entre israelenses e palestinos que tinham por objetivo transformar a pausa em uma trégua prolongada. Os representantes israelenses foram chamados de volta pelo seu governo, sem perspectiva alguma de retorno às discussões. “O cessar-fogo está morto e Israel é responsável”, disse Azzam al-Ahmed, chefe da delegação palestina que participa das negociações. As negociações não haviam registrado progresso e “as chances de chegar a um acordo se evaporam”, segundo indicou no Twitter Ezzat El-Rishq, um líder do Hamas. A ofensiva iniciada em 8 de julho deixou mais de 2.000 mortos entre os palestinos e 67 do lado israelense, sendo três civis. SEM ACORDO Os Estados Unidos manifestaram preocupação com o “rompimento do cessar-fogo”, considerando o Hamas “responsável” pelos disparos de foguetes e considerando que Israel tem o direito de se defender. Na segunda-feira (18), israelenses e palestinos haviam chegado a um acordo para prolongar uma trégua de cinco dias em vigor por mais por 24 horas, até a meia-noite de terça (18h de terça em Brasília). Os palestinos -representados no Cairo por uma delegação composta por representantes do Hamas, da Jihad Islâmica e da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) à qual pertence a Autoridade Palestina- afirmaram em diversas oportunidades que não assinariam um acordo que não garantisse o fim do bloqueio israelense a Gaza. Já os israelenses fazem da desmilitarização do território palestino uma condição indispensável. O governo do Egito pediu nesta quarta a israelenses e palestinos que retomem as negociações no Cairo. O presidente francês, François Hollande, também pediu que as negociações fossem retomadas e disse que a desmilitarização de Gaza e o fim do bloqueio deveriam ser parte do acordo. “A desmilitarização só pode ser feito sob os auspícios da Autoridade Palestina. A França e a Europa podem ser úteis na suspensão do bloqueio na passagem de Rafah. Gaza não deve ser nem uma prisão a céu aberto e nem uma base militar”, disse Hollande.