FELIPE BÄCHTOLD PORTO ALEGRE, RS – O candidato a vice-presidente Beto Albuquerque (PSB) atribuiu os desentendimentos que provocaram a saída do coordenador da campanha da presidenciável Marina Silva a um momento de “estresse” e “tensão” gerado pela morte de Eduardo Campos. Albuquerque procurou minimizar o episódio e afirmou que se tratou de um “pequeno desentendimento”. Também defendeu a colega de chapa e disse que ela não agiu de maneira desrespeitosa. “Não há crise nenhuma, foi um pequeno desentendimento de palavras, de compreensão. É fruto do estresse que estamos todos vivendo. Os últimos sete dias foram terríveis para nós.” Na manhã desta quinta-feira (21), Carlos Siqueira, que coordenava a campanha de Campos, anunciou sua saída do comando da candidatura pessebista alegando que foi tratado de maneira “grosseira” por Marina. Ele é secretário-geral do PSB e militante histórico do partido. “Nestes últimos sete dias nenhum de nós dormiu mais do que quatro horas por dia. Estamos todos extenuados em função das buscas, do velório, do sepultamento. Carlos Siqueira e eu somos veteranos do partido. Houve um pequeno desentendimento de palavras que, neste momento de tensão, acabou criando um atrito. A Marina não ofendeu ninguém. É uma mulher delicada, generosa”, disse, em Porto Alegre. Albuquerque também afirmou ser natural que Marina queira ter “algumas pessoas de sua confiança” em áreas estratégicas da campanha e se colocou à disposição para assumir interinamente a coordenação. O deputado afirmou que todos os acordos firmados por Eduardo Campos pelo país serão mantidos e que irá a todos os Estados apoiar coligações já montadas. Marina se recusa a subir em palanques, por exemplo, onde o PSB apoia tucanos, como em São Paulo e no Paraná. “Marina veio para ser Rede e vai continuar sendo Rede, ela não veio para ser PSB e nós sabemos disso. Ainda assim estamos animados com a candidatura dela e integrados”, disse Albuquerque. ESFORÇO Albuquerque reuniu no comitê da coligação em Porto Alegre representantes de todas os partidos que apoiavam sua candidatura ao Senado no Rio Grande do Sul, a qual teve que renunciar. Foi um esforço para mostrar unidade, que incluiu partidos que se mostravam resistentes a apoiar Marina na cabeça de chapa, como o PMDB. A entrada do deputado gaúcho como vice facilita o apoio à ex-senadora. O candidato ao governo gaúcho do PMDB, José Ivo Sartori, definiu Albuquerque como um “ponto de equilíbrio” na candidatura nacional. No evento, o vice de Marina foi questionado por jornalistas sobre a relação com o agronegócio, setor que historicamente se opõe à candidata. Disse que a coligação vai manter o que já foi “pactuado” por Eduardo Campos e citou compromissos já apresentados à Confederação Nacional da Agricultura. Ao ser questionado sobre conflitos indígenas no Rio Grande do Sul, disse que o governo federal se omite na situação. Para ele, os índios não podem deixar de ser contemplados, mas agricultores não devem ser retirados “a fórceps” de áreas tituladas. “Um laudo de antropólogo não é lei, não pode estar acima da Constituição”, disse. O vice de Marina também comentou o programa de TV do presidenciável tucano Aécio Neves, em que o senador disse que ele e Campos tinham “sonhos parecidos”. Albuquerque afirmou que a iniciativa foi “infeliz ou pretensiosa”. “Politicamente, em 25 anos, nunca estivemos em palanques nacionais juntos.”