Agentes fazem manifestação hoje; sete presos ainda estão desaparecidos, segundo a Secretaria de Justiça
Com o fim da rebelião na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), na madrugada de ontem, o dia foi de balanço e de alerta. O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) teme que outras unidades prisionais também passem por motins. Para o sindicato, o problema não está em Cascavel, mas no sistema. Hoje o Sindarspen realiza um ato em Cascavel, às 10h30. A concentração dos Agentes Penitenciários e de membros da sociedade será na Praça do Migrante, localizada no centro de Cascavel, e segue com passeata até a Câmara de Vereadores da cidade.

Segundo o sindicato, os números de rebeliões no Estado do Paraná dispararam. Em apenas nove meses, 17 rebeliões já aconteceram e 26 agentes penitenciários foram feitos reféns. Somos os únicos no Brasil e possivelmente no mundo com um número tão alto de rebeliões em tão pouco tempo, diz o presidente do SindarspenAntony Johnson, cobrando mais estrutura para o sistema.

A Secretaria Estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) informou que seis novas cadeias públicas e seis centros de integração social estão sendo construídos em conformidade com conceitos arquitetônicos que tornarão as novas unidades mais seguras e adequadas às exigências da Lei de Execução Penal.
A Defensoria Pública do Paraná também acompanha a situação. A defensoria vai tomar as medidas que forem necessárias para tentar contornar esse problema, pois se certas medidas já eram necessárias, agora, se tornaram extremamente urgentes, disse o defensor público Eduardo Abraão.

Abraão e uma equipe da Defensoria Pública de Cascavel acompanham a situação desde o início da rebelião. Ao entrar no presídio após o fim do motim, o defensor diz ter se deparado com um cenário de calamidade; um quadro de guerra.

Balanço — A Seju confirmou que sete presos da Penitenciária Estadual de Cascavel, estão desaparecidos. O número foi divulgado na tarde de ontem, após um levantamento feito pela secretaria. A rebelião durou mais de 40 horas, e deixou um saldo de cinco mortes confirmadas e 25 feridos. Cerca de 80% da penitenciária ficou danificada.

Ainda de acordo com a secretária, os presos que estão desaparecidos podem estar mortos ou terem conseguido fugir. Ontem, equipes começaram a fazer uma perícia na unidade para tentar encontrar outros corpos, além de checar toda a estrutura da penitenciária. Das 24 alas da unidade, pelo menos 20 ficaram destruídas.
Após as transferências que ocorreram desde o domingo, 222 presos ainda ficaram na unidade. São presos com bom comportamenteo e que estão quase no fim da pena. Outros 797 detentos foram transferidos para peniteciárias do estado.

O Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) confirmou que dois dos detentos mortos pelos rebelados foram decapitados. Outros dois morreram após serem atirados de cima do telhado da unidade e o quinto morto foi carbonizado. Todos os corpos estão no Instituto Médico-Legal (IML) de Cascavel e ainda não foram identificados.