Vendas menores atinge transportadoras, concessionárias e outra empresas que dependem das montadoras
O setor automotivo, um dos mais importantes da indústria brasileira, representando 20% do PIB industrial do país, vive um momento de dificuldade. Após anos consecutivos de bonança, batendo recordes de venda e produção de veículos, o ano de 2014 está sendo de crise. Mas com o desempenho em baixa do setor, toda uma cadeia é afetada. Concessionárias e transportadores também sofrem.

Um exemplo é a transportadora Sulista, uma das maiores do setor, que para reduzir gastos precisou demitir 10 funcionários e deu férias para outros.Nós sofremos uma queda de 20%, então a gente tem que se reestruturar, porque são muitos caminhões parados. Infelizmente, tivemos até de fazer algumas demissões, mas a gente procura segurar a equipe, afirma Alfredo Meister, diretor-presidente da Sulista.

Entre os profissionais do ramo, algumas constatações são unânimes para se explicar a crise: a desconfiança do consumidor, juros mais altos e a grande cautela dos bancos na concessão de crédito para a compra de veículos. Para o diretor-geral da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores Regional Paraná (Fenabrave-PR), Luís Antônio Sebben, de 2012 para cá, grande parte dos consumidores perderam capacidade de endividamento e, para não deixar a inadimplência crescer, os bancos ficaram mais seletivos.

Além disso, a descredibilidade com a situação política e econômica atual também dificulta. O setor automotivo depende de financiamentos para comercializar. Praticamente 80% do volume comercializado na área de veículos, incluindo máquinas agrícolas, caminhões e motocicletas, carecem de financiamento, afirma.

Além disso, aqueles clientes que tem crédito estão muito mais atenciosos, preocupados e receosos em entrar em financiamento por conta da descredibilidade da situação política econômica atual, completa.
Agora, a expectativa e a esperança do setor é que o segundo semestre já possa apresentar melhoras, com a entrada do 13º salário, os lançamentos das montadoras e a expectativa de muitos consumidores de virar o ano com um carro novo. Acreditamos que o 2º semestre será melhor que o 1º, mas não o suficiente para que em 2014 voltemos à la 2013, diz Sebben. Devemos ainda ter um ano de 2014 com uma atividade menor e isso provalmente só vai recuperar no 2º semestre de 2015, finaliza.

Layoff — Nos primeiros sete meses de 2014, a indústria automotiva registrou queda de 7,33% nas vendas na comparação com o mesmo período do ano passado. Com o momento de vendas em queda, as empresas foram obrigadas a cortar gastos. No Paraná, a Volkswagen suspendeu o contrato de trabalho de 550 profissionais até outubro, um regime conhecido por layoff — segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), durante esse tempo, os trabalhadores, além de fazer cursos de qualificação, recebem o seguro-desemprego e um pacote de benefícios equivalente ao salário integral.


Mercado

Momento é bom para comprar o carro novo
Com a queda na procura por veículos, o momento é bom para quem quer comprar um carro. É a lei da oferta e da procura, já que os estoques estão altos e as vendas, em baixa. Hoje, inclusive, as concessionárias estão oferencendo preços melhores do que no começo do ano, com taxas de financiamento atraentes. Toda vez que há uma redução da atividade econômica a oferta aumenta e aí é a melhor hora para comprar. As concessionárias tem como oferecer vantagens muito boas na área dos veículos novos porque não podemos aguardar os estoques ficarem muito altos, porque esse custo é maior do que oferecermos benefícios para o cliente, como acessórios e seguros. É um momento excepcional para o cliente procurar o carro que quer, explica Luís Antônio Sebben.