RIO DE JANEIRO, RJ – Quatro empresas suspeitas de promover campanha difamatória de telemarketing contra dois candidatos ao governo do Rio, Lindbergh Farias (PT) e Marcelo Crivella (PRB), foram alvo de determinação do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio) para que cessem esse tipo de serviço.
A decisão, que coube ao corregedor do TRE-RJ, Alexandre de Carvalho Mesquita, foi tomada na sexta-feira (29) depois de ação ajuizada pelos candidatos apontar que, com a intenção de difamá-los, foram realizadas em todo o Estado ligações para fazer propaganda negativa.
O método de operação consistiria em forjar pesquisas de opinião por telefone em que o desempenho de Lindbergh e Crivella em entrevistas e debates era tema de perguntas dos supostos entrevistadores.
As alternativas propostas aos consultados, porém, teriam apenas conotações negativas e induziriam à depreciação de ambos os candidatos.
A decisão do TRE-RJ inclui aplicação multa diária de R$ 100 mil aos sócios das empresas citadas e determina que elas apresentem, no prazo de 48 horas, a cópia dos contratos de telemarketing, os dados completos dos contratantes e a relação dos números telefônicos contatados, com a reprodução das mensagens que mencionam os candidatos, sob pena de busca e apreensão dos dados e informações.
As empresas são IPCorp Serviços Empresariais S.A., Falkland Tecnologia em Telecomunicações S.A., Talk Telecom Corp Informática Ltda e FFFX Participações S.A.
EMPRESA DIZ NÃO TER DADOS
A reportagem contatou as empresas. Segundo a assessoria de imprensa da IPCorp, que controla todas elas, a prestadora se limita a providenciar o acesso ao sistema de informática que possibilita a comunicação via VOIP (na sigla em inglês, voice over Internet Protocol, que significa transmissão de dados de voz via internet) e não atua diretamente em telemarketing – e, por isso, não disporia dos dados solicitados pelo TRE-RJ:
“Possuímos clientes em todo o território nacional, pessoa física e jurídica, que estão sob a defesa da privacidade requerida às operadoras de telefonia. No caso em questão, minuciosa análise está sendo realizada no banco de dados da IPCorp para identificar e informar o cliente que originou a ligação conforme determinação judicial”, afirma Robson Alves Pereira, coordenador jurídico do grupo IPCorp.
Os candidatos atingidos evitaram especular sobre a autoria da campanha difamatória por enquanto.
“Estamos enfrentando algo que nunca vimos numa eleição no Rio de Janeiro. É a campanha mais suja da história do Rio de Janeiro”, lamentou o petista.
Crivella disse que “é preciso apurar quem são os mandantes, no plano policial, pois o povo, por sua intuição, já concluiu em termos práticos que se trata dos adversários políticos meus e do candidato Lindbergh Farias no pleito eleitoral”.