Edson da Cruz, de 43 anos, há 10 anos deixou o hospital psiquiátrico Nossa Senhora da Luz para morar na Residência Terapêutica Jardim Gabineto, que atualmente funciona no bairro Santa Quitéria. Ele e outros seis ex-pacientes do mesmo hospital festejaram com bolo, doces, sanduíches e salgadinhos o aniversário de 10 anos da nova moradia.

O espaço, mantido pela Prefeitura de Curitiba, abriga pessoas com histórico de abandono, que na sua maioria foram renegados pelos familiares e passaram décadas habitando leitos de hospitais psiquiátricos.

O Serviço Residencial Terapêutico em Saúde Mental foi instituído a partir da Portaria do Ministério da Saúde nº 106, de 11 de fevereiro de 2000. Os Serviços Residenciais Terapêuticos são programas estratégicos no processo de desinstitucionalização. Elas caracterizam-se como moradias inseridas na comunidade, garantindo o convívio social, a reabilitação psicossocial e o resgate da cidadania daquelas pessoas com transtorno mental, egressas de hospitais psiquiátricos, com internação de longa permanência (dois anos ou mais ininterruptos) e que não possuem vínculos familiares e sociais.

A referência técnica da residência, Márcia Steil, explica que ali os moradores seguem a rotina de uma casa normal. Eles foram diagnosticados com esquizofrenia refratária e por isso não podem viver sozinhos. Respeitamos as limitações de cada um, mas na medida do possível, ajudam na cozinha, limpam o quintal e tem atividades coletivas com educador físico.

Além disso, os moradores fazem acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e recebem cuidados clínicos na unidade de saúde Santa Quitéria II.

Aqui eu cuido do jardim, desenho e ajudo os cuidadores no trabalho aqui na casa. No hospital ficava sem fazer nada, conta Edson.

Já Nair Pedroso, passa os dias pintando quadros a óleo e ajudando na cozinha. Com o dinheiro da venda dos seus quadros ela consegue custear um curso de pintura que faz perto da residência terapêutica. Lavo a louça e vou para minha aula de pintura. Ainda estou aprendendo, diz.