Influenciado pela queda das ações de estatais e bancos, o principal índice da Bolsa brasileira passou por ajuste nesta quinta-feira (18), após alta de quase 4% desde o início da semana, e fechou no vermelho. O Ibovespa perdeu 1,24%, para 58.374 pontos.

“Antes do comunicado do Fed (banco central americano), havia expectativa de que a autoridade pudesse antecipar um aumento dos juros nos EUA, o que não se confirmou. Mesmo assim, alguns mercados sofreram bastante, especialmente de juros futuros e câmbio, o que pode ter demandado ajustes nos portfólios dos estrangeiros posicionados em emergentes”, diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

Sobre a queda das ações do chamado “pacote eleitoral” (de estatais, bancos e elétricas), a avaliação é que ela reflete as expectativas pela próxima pesquisa Datafolha. “Pelo comportamento, o mercado pode estar se preparando para um resultado ruim, com possível melhora da presidente Dilma Rousseff (PT). Mas não houve boatos em relação a isso e só saberemos, de fato, quando o levantamento for divulgado”, diz Figueredo.

Para Fernando Aldabalde, gestor da Áquilla Asset Management, o Ibovespa pode voltar a subir se o resultado das próximas pesquisas agradar ao mercado, mas o clima instável deve continuar até outubro, pelo menos. “Os investidores não sabem se olham o copo meio cheio ou meio vazio, por isso vendem ações e realizam lucros. O ambiente de incerteza tanto por motivos domésticos quanto por incertezas externas permanece”, diz.

A baixa previsibilidade para a economia e a Bolsa diante de indicadores ruins e incertezas políticas, segundo Aldabalde, estimulam movimentos de realização de lucros. “Alguns setores subiram muito desde março e, por isso, o aumento da instabilidade eleitoral acaba forçando os investidores a embolsar lucros. É natural. O investidor não tem como traçar um cenário com clareza para o futuro”, afirma.

Por enquanto, diz Figueredo, a Bolsa mantém tendência de alta. “Mas esse viés está um pouco comprometido após as quedas recentes. Temos que ficar de olho na região de suporte, dos 56.600 pontos. Se (o Ibovespa) cair para menos que esse nível, isso pode significar uma reversão de tendência de alta para queda. Temos que monitorar.”