LEANDRO COLON, ENVIADO ESPECIAL
EDIMBURGO, REINO UNIDO – Pesquisa de boca de urna aponta que o voto contra a independência da Escócia venceu o plebiscito para decidir a permanência ou não do país no Reino Unido.
Segundo levantamento do instituto YouGov, 54% dos moradores votaram pelo “Não”, contra a separação, e 46% pelo sim, a favor dela.
Cerca de 4,2 milhões de pessoas que vivem em território escocês estavam aptas a responder sim ou não à pergunta: “A Escócia deve ser um país independente?”
A histórica votação terminou às 22h desta quinta-feira (18). A apuração oficial dos votos do país começou logo em seguida.
Os primeiros resultados devem sair ainda nesta noite, mas os números finais estão previstos para serem divulgados somente nesta sexta (19).
Militantes da campanha pela independência da Escócia intensificaram até o último minuto a boca-de-urna para tentar reverter o cenário das pesquisas que mostram vantagem do voto “Não”, contra a separação do Reino Unido.
A reportagem visitou algumas seções de votação na capital Edimburgo, entre elas uma localizada em um café da cidade e outra em um hotel.
Embora simpatizantes dos dois lados estivessem buscando votos de última hora, era visível uma maior mobilização dos escoceses pró-independência.
“Eu acredito na virada, ainda mais porque as pesquisas podem não ter atingido a população mais jovem, que defende a separação”, disse Jean Findlay, 50, ativista pela separação.
Mesmo que permaneçam parte do Reino Unido, os escoceses já podem celebrar uma conquista: em troca do voto “Não”, o governo britânico e a oposição prometeram mais autonomia financeira e política à Escócia.
Já o primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, não tem muito o que comemorar, mesmo que o “Não” vença.
Impopular entre os escoceses, Cameron deve sair desgastado da campanha, que ignorava até o crescimento do “Sim”.
Diante dos rumores de que teria de renunciar caso o “Sim” vencesse, Cameron se aliou ao adversário e líder trabalhista Ed Miliband, cuja sigla é mais forte na Escócia.
O premiê visitou então a região duas vezes para apelar pelo voto que desmantelaria o Reino Unido, formado por Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales.
Nesta quarta (17), Cameron reafirmou que não renuncia em hipótese alguma.
A separação seria um desastre também para os trabalhistas, que dependem do país para equilibrar o jogo em Londres, ainda mais em 2015, ano de eleição geral. Em 2010, o partido levou 41 das 59 cadeiras da Escócia no Parlamento britânico.