SÃO PAULO, SP – O principal índice da Bolsa brasileira fechou esta sexta-feira (19) no vermelho, após pesquisa Datafolha mostrar acirramento na corrida pelo Planalto, o que pressionou principalmente as ações de estatais e do setor financeiro. Foi a terceira baixa consecutiva do índice, que, no entanto, acumulou ganho na semana.
A desvalorização do Ibovespa foi de 1% nesta sexta (19), para 57.788 pontos. O índice acumulou ganho de 1,51% na semana, interrompendo uma sequência de duas baixas semanais.
Pesquisa Datafolha mostrou que a presidente Dilma Rousseff (PT) se fortaleceu mais um pouco na disputa eleitoral. A dianteira de Dilma sobre Marina Silva (PSB) no primeiro turno agora é nítida. O que até a semana passada ainda era um empate técnico se transformou numa inédita vantagem de sete pontos: 37% a 30%.
No teste de segundo turno, a tendência foi parecida. A dianteira de Marina sobre Dilma nunca foi tão baixa: 46% a 44%, um empate técnico. No fim de agosto, a vantagem da candidata do PSB era de dez pontos (50% a 40%).
AVALIAÇÕES
“Mesmo a pesquisa sendo marginalmente positiva para Dilma, positiva para Aécio Neves (PSDB) e marginalmente negativa para Marina, a queda foi dentro da margem de erro”, diz o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, em relatório.
“Vale ressaltar a importância da Dilma abrir boa vantagem no 1º turno, pois o 2º turno será ‘outro jogo’ com Marina tendo mesmo tempo de TV que a Dilma e probabilidade grande da oposição unir forças, dai a necessidade da Dilma abrir uns 10 pontos percentuais de vantagem no 1º turno”, acrescenta.
O que o mercado deve monitorar mais de perto, segundo Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho, é como a presidente Dilma vai avançar, ou ceder, nos próximos levantamentos. “Aparentemente, a estratégia de ataque que tem sido usada pela presidente vem dando bom resultado. Mas até quando isso vai se sustentar, não sabemos”, afirma.
De acordo com o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), há novas pesquisas registradas com divulgação prevista para a próxima semana, como Vox Populi, MDA/CNT (Confederação Nacional do Transporte) e Ibope.
EM ESPERA
Para Filipe Machado, analista da Geral Investimentos, o fato de o volume financeiro movimentado na Bolsa brasileira ter sido baixo nesta sexta-feira, em relação aos demais dias da semana, reflete um compasso de espera dos investidores por definições mais claras na corrida eleitoral.
“A Bolsa já subiu muito nos últimos meses e, diante da incerteza política, pode ter chegado a um nível em que os investidores evitam fazer grandes apostas até que uma sinalização mais clara apareça. Dilma e Marina continuam empatadas em um eventual segundo turno”, diz.
O analista Roberto Altenhofen, da Empiricus Research, destaca em relatório que o Ibovespa tem forte alta no ano (de 12,20%), mesmo com a correção vista nas duas últimas semanas, destoando dos principais mercados externos, que têm desempenho anual bem inferior.
“Um descolamento desprovido de eventos materiais e sem lastro em melhora dos fundamentos -pelo contrário. As ações subiram na frente, agora esperam uma contraparte da economia real. Os lucros das empresas subirão para acompanhar, ou teremos, a troco de nada, a imposição de um novo patamar de múltiplos para a Bolsa brasileira?”, diz.
PAPÉIS
As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras tiveram desvalorização de 1,78%, para R$ 20,91 cada uma. O Banco do Brasil mostrou baixa de 1,87%, a R$ 32,07. Já o papel ordinário (com direito a voto) da Eletrobras perdeu 2,20%, para R$ 7,57.
O setor financeiro, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, ajudou a pressionar o índice nesta sexta-feira. O Itaú Unibanco registrou desvalorização de 2,38%, para R$ 37,75, enquanto a ação preferencial do Bradesco teve baixa de 2,31%, para R$ 38,00.
A ação da Telefônica Brasil caiu 0,76%, para R$ 50,91. A Vivendi anunciou pela manhã que chegou a um acordo para vender a GVT, sua operadora no Brasil, para os espanhóis da Telefónica, em um acordo avaliado em 7,2 bilhões de euros (cerca de US$ 9,3 bilhões).
CÂMBIO
No câmbio, o dólar voltou a ganhar força sobre o real com investidores testando a tolerância do Banco Central à escalada recente da moeda americana. O movimento foi limitado pelo ambiente global de menor aversão ao risco, após a Escócia votar contra a proposta de se separar do Reino Unido.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia com valorização de 0,76%, para R$ 2,377. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,33%, também para R$ 2,373.
O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 swaps (operação que equivale a uma venda futura de dólares), sendo 1.400 com vencimento em 1º de setembro de 2014 e 2.600 com vencimento em 1º de junho de 2014, pelo total de US$ 198 milhões.
A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar 6.000 swaps que venceriam em 1º de outubro, por US$ 296 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 44% do lote total de contratos com prazo para o primeiro dia do mês que vem.