A presidente Dilma Rousseff afirmou neste domingo (21) que houve uma “confusão” em sua declaração de que não caberia à imprensa investigar, mas apenas divulgar informações. Segundo ela, a imprensa “pode até fornecer elementos” para investigações em curso. Dilma afirmou que “fizeram uma confusão” porque, na fala anterior, estava se referindo ao processo penal, no qual as provas de uma ação têm que ser apresentadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

“O jornalismo investigativo pode até fornecer elementos. Vamos lembrar de um caso clássico, o Garganta Profunda, do caso Watergate [escândalo político descoberto na década de 1970 nos Estados Unidos a partir de revelações da imprensa], ofereceu elementos, mas quem fez a prova foi a investigação oficial”, disse. E completou: “A imprensa investiga, investiga para informar, investiga até para fornecer prova, [aliás] não é nem prova, o correto é chamar de indício”. Na última sexta (19), Dilma estava falando da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e citou não se basear em notícias publicadas na imprensa para afastar suspeitos de atos ilícitos em seu governo.

“Eu não tenho porque dizer que tem alguém envolvido porque eu não reconheço na revista ‘Veja’ nem em nenhum órgão de imprensa o status que tem a Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo. Não é função da imprensa fazer investigação, é função divulgar informações”, declarou a presidente na ocasião. USO DO ALVORADA A presidente minimizou a avaliação do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), José Dias Toffoli, feita em entrevista à revista “Época”, de que o uso da biblioteca do Palácio da Alvorada por Dilma para dar entrevistas é uma “vantagem indevida”. “Eu só quero lembrar que todos meus antecessores usaram o palácio, até porque caso contrário eu serei uma sem-teto, não terei onde dar entrevista. Não tenho casa, não pode ser no Alvorada, serei sem-teto e irei para rua dar entrevista. Não tenho outro local”, disse Dilma. Ela afirmou ainda que se o problema for a biblioteca, então “não mostro a biblioteca”.