TONI SCIARRETTA
SÃO PAULO, SP – A agência de classificação de risco Moody’s considera difícil rebaixar a avaliação de risco de crédito do Brasil em 2015, primeiro ano do novo governo. Isso considerando que não ocorra uma piora significativa dos indicadores.
“Se for mais ou menos o cenário atual, independentemente de quem seja o próximo presidente, o mais provável é uma revisão até o primeiro trimestre de 2016. E não acreditamos que 2015 será muito diferente de 2014”, disse Mauro Leos, responsável pela análise de ratings de países da América Latina.
A Moody’s realiza nesta terça-feira (30) sua conferência anual para a América Latina, em São Paulo.
O rating do Brasil, hoje no nível Baa2 (considerado mediano), foi colocado em perspectiva negativa no início do mês para possível rebaixamento. Mesmo que seja rebaixado, o país ainda continua com grau de investimento, espécie de selo de bom pagador de sua dívida.
Normalmente, depois de ser colocado em perspectiva negativa, o rating -ou nota- é alterado em um prazo de 12 a 18 meses. Apenas em situações extremas a agência convoca um comitê com urgência para tomar uma decisão antecipada. É isso demora entre um e três meses. Daí a perspectiva de mudança em 2016.
Para Leos, apesar de o mercado (clientes da Moody’s) ter uma preferência pela candidata Marina Silva (PSB) em relação à presidente Dilma Rousseff, as duas não representam caminhos tão diferentes para o país. Ele afirmou que independentemente de quem vencer tanto o mercado quando as agências de rating precisarão de algum tempo até entender o que é expectativa do que é realidade do novo governo.
“Claro que as expectativas são importantes, mas precisamos esperar os resultados das políticas. Dificilmente teremos mudanças significativas no primeiro ano de governo”, disse.
As agências de classificação de risco foram bastante criticadas durante a crise econômica global por não conseguirem prever o colapso das instituições envolvidas.
Suas avaliações, porém, pesam nas decisões de investidores. A perda do grau de investimento pode levar à fuga de fundos estrangeiros, cujas regras os impedem de aplicar em papéis especulativos, e elevar o custo de captação de recursos no exterior.
Outra grande agência mundial, a Standard & Poor’s, reduziu em março a nota do Brasil, que está no limite de se tornar grau especulativo.
A terceira grande agência, Fitch reafirmou em julho a nota do país, que segue no segundo passo do grau de investimento. “Revisamos constantemente as avaliações e poderemos alterá-las se houver mudança material nos indicadores”, disse Shelly Shetty, chefe de risco da América Latina.