PEDRO SOARES RIO DE JANEIRO, RJ – A indústria manteve a tendência de melhora iniciada em julho e registrou expansão de 0,7% em agosto frente ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quinta-feira (2). Em julho, a produção industrial do país havia crescido 0,7% ante junho, interrompendo cinco meses consecutivos de queda.

Com esses dois meses seguidos de alta, a indústria soma expansão de 1,4%, mas não recompõe as perdas do período de retração do setor. De março a junho, o setor fabril acumulou uma perda de 3,4%, sempre na comparação de um mês contra o mês anterior. No ano, a indústria acumula uma perda de 3,1%. A taxa em 12 meses encerrados em agosto registra queda de 1,8%. O índice de agosto ficou negativo em 5,4% na relação com o mesmo período do ano passado.

SETORES

A melhora em agosto se deu em razão da retomada da produção de petróleo, com expansão de 2,4% ante julho na esteira do aumento da atividade da Petrobras. Foi o ramo que mais contribuiu para o desempenho de agosto e que registra seis meses seguidos de crescimento nessa base de comparação (mês contra mês anterior). Outro ramo ligado à estatal é a retomada do refino de petróleo e biocombustíveis, que subiu 1,5%, após uma queda em julho de 2,3%.

Também impulsionou o setor industrial a reação da produção de máquinas e equipamentos, que teve um primeiro semestre de forte queda e manteve a trajetória de alta retomada em julho (7,3%). Em agosto, porém, a expansão foi menos intensa: 3,9%. Para André Macedo, gerente da pesquisa industrial do IBGE, a melhora nesses dois meses “não zera as perdas acumuladas neste ano”.

Somente em junho, por exemplo, o setor teve queda de 9,1%. É, porém, um primeiro sinal de reação dos investimentos na economia e de que empresários começaram a comprar mais máquinas para indústria e agricultura, caminhões, equipamentos para energia, entre outros, a fim de expandir sua capacidade de produção. “No caso da indústria como um todo, trata-se de uma melhora em relação ao passado recente, mas temos de considerar que é uma alta sobre uma base de comparação muito baixa.”

PERDAS

De julho para agosto, uma das maiores retrações ficou com veículos, que não sustentaram a expansão de julho (8,4%) e mostraram perda de 1,5% em agosto. Outro setor a se contrair foi o de bebidas (-6,1% em agosto). O setor vive um momento difícil com a redução do consumo da classe C, conforme apontou reportagem da Folha. O ramo também sente os reflexos do fim da Copa do Mundo, que alavancou a produção especialmente de cerveja.