Que o ocidente tem um grande problema de memória isso já nos é sabido. Temos aquele costume de desprezar o passado e remetê-lo a um cubo obscuro. Não valorizamos os feitos que, positivo ou negativo, contribuem para a constituição do que somos hoje.
Ao colocar isso à luz da história política do Brasil, vemos que há um tremendo apagão. Como professor, minha atitude é colocar aos meus alunos os fatos e eles, por suas convicções, façam seu julgamento. Coloco-me imparcial para que eles consigam, por suas próprias ideias, chegarem ao conhecimento. Neste sentido, eu me posiciono como um facilitador, um intermediário entre o conhecimento, e não um poste que emana luz.
Desta forma, pelo meu papel de formador de opinião, não posso ver uma atrocidade acontecendo diante de meus olhos sem que eu esclareça alguns fatos que me parecem ser necessários. Um país não se faz em um governo de apenas quatro anos. Nós somos a soma de mais de 514 anos desde a chegada do primeiro português até à eleição da primeira mulher como chefe de Estado. Causa-me mal-estar ver um programa eleitoral em que um candidato quer comparar os seus anos de governo com os outros anos de governo. Como comparar passado e presente se o cenário não é o mesmo? O mundo já não é o mesmo!
Como pode um candidato se vangloriar de feitos que se deve aos feitos do passado, não apenas do grupo do outro candidato, mas também dos grupos de outros e outros candidatos? Se o Fernando Collor de Melo não tivesse aberto a porteira do Brasil para o mundo, ainda estaríamos andando de fusquinha e chevettão. Se, lá atrás, Dom João VI não tivesse fugido de Napoleão e aberto os portos brasileiros, imagino como seria esse país. Logo, não somos o resultado de 12 anos de governo. Pensar assim é ser medíocre, é dispensar um passado que foi de total necessidade para fazer o presente.
Assim, não devemos cair na mediocridade de pensar tão pequeno ao negar tais feitos. O marketing não deve ser usado para o medo e, sim, para levar as informações na busca da emancipação humana. Por isso, clamo aos meus alunos e para toda a sociedade brasileira que procurem se informar, que vejam a história como um processo histórico e não um momento funcional, um episódio esporádico.
Não se iludam com promessas vazias, pois eleição tem a ver com o futuro, com propostas que mudam a nossa vida e a nossa história. Escolham bem seu candidato e sigam acompanhando de perto, pois seus feitos serão base para os feitos de outrem no futuro. Afinal, quem vai dizer se a ação foi errada ou acertada é o tempo, pois, ao nos colocarmos no momento, podemos concluir que tal decisão foi a ideal, mesmo que por ora.

Elizeu Barroso Alves é professor dos cursos de gestão do Centro Universitário Internacional Uninter