ARTUR RODRIGUES SÃO PAULO, SP – O vazamento de gravações com declarações de integrantes da cúpula da Sabesp sobre a gravidade da crise no abastecimento de água em São Paulo e ordens para que isso não se tornasse público, criou um mal-estar na estatal e no governo do Estado nesta sexta-feira (24). A permanência de Dilma Pena, presidente da Sabesp, no cargo fica muito difícil, assim como situação do diretor metropolitano da estatal, Paulo Massato.

Em conversas gravadas durante reuniões internas da diretoria da Sabesp, Dilma afirma que “orientação superior” impediu a empresa de alertar a população de São Paulo sobre a necessidade de economizar água. Paulo Massato afirma que a situação é de “agonia” e diz que “não sabe o que fazer” se os volumes de chuva neste ano repetirem o cenário de 2013. Dilma já havia pedido ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) para deixar o cargo. Na ocasião, Alckmin pediu que ela ficasse até dezembro. Dentro da Sabesp, porém, já se fala que a saída dela deve ser antecipada por causa do episódio desta sexta-feira (24).

DESGASTE

A cúpula do governo estadual já havia considerado “catastrófico” depoimento de Dilma Pena na CPI da Câmara Municipal. Ela se viu acuada após a Folha revelar áudio de conversa com o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), em que a presidente da Sabesp classifica a atuação dos vereadores como “teatrinho”.

Alckmin chegou a reclamar a auxiliares no início da demora de Dilma em informá-lo sobre a gravidade da situação hídrica. Na ocasião, ela justificou que trabalhou com dados e previsões que sempre foram usados pela empresa. Massato também já protagonizou um episódio que causou mal estar no governo.

Em maio deste ano, foi ele quem disse que se a crise do sistema Cantareira se agravasse a empresa iria “distribuir água com canequinha”. Na época em que começaram a surgir reclamações de falta de água em vários bairros, o diretor também admitiu a “economia fabulosa” conseguida com a diminuição da pressão da água à noite.