JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
Em 29/10/2014 15h00

Quase um em cada três nascimentos em 2012, no Brasil, ocorreu em mães que já tinham completado 30 anos. Num intervalo de 12 anos, a proporção de nascidos vivos de mães dessa faixa etária passou de 22,5% para 30,2%.
Desde 2000, a proporção de nascimentos tem subido gradativamente nas faixas etárias de 30 a 34 anos, 35 a 39, e 40 ou mais, aponta um estudo divulgado nesta quarta-feira (29) pelo Ministério da Saúde.
Por outro lado, caiu em mulheres com 15 a 19 anos, e 20 a 24 durante todo esse período; a queda também ocorreu na faixa etária 25 a 29 anos, mas discretamente e entre 2010 e 2012.
Apesar do perceptível “envelhecimento” das mães brasileiras, o nascimento de bebês em jovens com menos de 15 anos permaneceu no mesmo patamar nos últimos 12 anos, representando 1% dos nascidos –cerca de 30 mil crianças a cada ano.
“Em idades muito precoces (inferiores a 15 anos), quando também os riscos da mulher e do recém-nascidos são maiores, a proporção de nascimentos, entre 2000 e 2012, mantém-se constante, representando uma média de 82 nascimentos em meninas com menos de 15 anos de idade por dia no Brasil, sendo que 38% ocorrem no Nordeste e 18% no Norte”, relata um doa artigos da publicação “Saúde Brasil”, elaborada pelo governo federal.
Thereza de Lamare, diretora do departamento de ações programáticas do ministério, diz que a opção pela maternidade mais tardia é um reflexo da abertura do mercado de trabalho às mulheres e segue a tendência de outros países.
“Você ainda tem uma faixa importante, que é de 20 a 29 anos, em que você tem o maior número de população que tem filhos. O percentual maior está aí. Mas você nota que começa a ter um percentual que vai migrando para a faixa etária de 30 anos.”
Há uma concentração de mães mais novas no Norte e no Nordeste do país e entre mulheres pretas, pardas e indígenas –entre estas últimas, 28,5% dos nascimentos em 2012 ocorreram em mães com menos de 20 anos.
ESTUDAR E SER MÃE
Outro recorte do estudo relaciona o grau de escolaridade e o início da maternidade. Em 2012, 45,1% das mulheres com 12 anos ou mais de escolaridade (ou seja, com o ensino médio completo) tiveram o primeiro filho após completarem 30 anos. E 78,8% dessas mulheres tinham pelo menos 25 anos quando se tornaram mães pela primeira vez.
O nascimento do primeiro filho, por outro lado, veio mais cedo para quem estudou menos.
Das mulheres com até três anos de estudo, 72,8% tiveram o primeiro bebê antes dos 25 anos de idade. Isso também aconteceu com 88% das mulheres que estudaram por um período de quatro a sete anos, e com 69,8% com as que estudaram por um período de oito a 11 anos.
De forma geral, o país vem observando uma redução no número de filhos por mulher. De 2000 a 2012, o total de nascimentos caiu 13,3%, o que ocorreu mais acentuadamente no Nordeste (16,6%). Desde 2005, a chamada taxa de fecundidade nacional é inferior à reposição populacional (taxa estimada em 2,1 filhos por mulher).
Entre 2000 e 2012, essa taxa variou de 2,29 para 1,77 –em 2012, os extremos estavam no Sul (1,66) e no Norte (2,24). O estudo estima que 450 mil brasileiros deixaram de nascer em 2012 se comparado ao cenário existente em 2000.
PRÉ-NATAL
A realização do número mínimo de consultas do pré-natal –seis, segundo o ministério– também apresenta variações consideráveis a depender da região do país, cor da pele/raça ou do grau de escolaridade da mãe.
De forma geral, 75,2% das mulheres brasileiras realizaram pelo menos seis consultas durante a gestação, percentual que cai para 56,9% no Norte e 67% no Nordeste.
O estudo explicita uma preocupação com a realização de até três consultas do pré-natal por 37,9% das mães indígenas, 20,9% das mães do Norte e 14,1% das do Nordeste, e de 23,2% das mulheres com até três anos de escolaridade.