SAMANTHA LIMA
RIO DE JANEIRO, RJ – A pouco mais de 24 horas do fim do prazo legal para apresentar suas demonstrações financeiras trimestrais, a Petrobras não confirmou, até o início da noite desta quinta (13), se vai conseguir cumprir a exigência.
Tradicionalmente, a companhia apresenta seu balanço uma semana, ou, na pior das hipóteses, alguns dias antes do fim do prazo.
Entre instituições financeiras e até mesmo entre os conselheiros de administração da companhia, crescem os rumores sobre a possibilidade de a PwC (PricewaterhouseCoopers), responsável por auditar seus balanços desde 2012, ter se recusado a assinar o documento, o que impediria a estatal de apresentá-lo ao mercado.
A instrução 480 da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) estabelece que as empresas registradas na autarquia –ou seja, que negociam no mercado financeiro ativos como ações e títulos– têm 45 dias depois do fim do trimestre para publicar suas informações financeiras relativas ao período.
Procurada nesta quinta-feira (13) às 18h, a Petrobras afirmou que ainda não tem informações sobre a data para divulgar o balanço e não informou se a demora está relacionada à recusa da PwC em assinar o documento.
Em outubro, a PwC reuniu-se com o conselho de auditoria da Petrobras e entregou uma carta em que exigia da Petrobras o aprofundamento das investigações sobre as denúncias de corrupção reveladas em decorrência da Operação Lava Jato, e manifestou preocupação específica com o então presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
A auditoria afirmava no documento que, caso não fosse atendida, não assinaria as demonstrações financeiras da empresa. Companhias registradas na CVM são obrigadas a terem seus balanços auditados. A auditoria verifica se as informações apresentadas atendem as normas contábeis.
Depois da exigência da PwC, a Petrobras anunciou a contratação de dois escritórios de advocacia para auxiliar as investigações de sua comissão interna que apura as denúncias, um nos Estados Unidos e outro no Brasil. Ambos são especializados na FCPA, a lei americana de combate à corrupção no exterior. A estatal brasileira é sujeita à lei americana porque tem ações negociadas nos Estados Unidos.
Em seguida, a estatal negociou o afastamento de Machado da Transpetro, em princípio por 31 dias.
A lei americana também exige providências da empresa de auditoria em caso de irregularidades comprovadas nas empresas auditadas.
Procurada, a PwC disse que, “conforme as cláusulas de confidencialidade de nossos contratos, e às próprias normas profissionais aplicáveis, estamos impedidos de dar qualquer informação a respeito de clientes de nossa organização”.
EXPECTATIVA
O analista de investimentos Flávio Conde acredita que o lucro da companhia deverá ser de R$ 18,2 bilhões no trimestre, 4% abaixo do trimestre anterior, devido à maior importação de diesel e ao aumento do dólar.
O reajuste não terá impacto no resultado porque foi concedido em novembro.
A receita da companhia aumentará 5,5%, para R$ 86,5 bilhões.
Ele prevê que a geração de caixa caia 8%, para R$ 14,8 bilhões, devido ao menor lucro bruto e a despesas maiores, da ordem de 10%.
Com isso, prevê Conde, a empresa aumentará sua dívida líquida, atualmente em R$ 241 bilhões, para R$ 270 bilhões.