O ponto de coleta de óleo de cozinha usado, instalado na Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, em Curitiba, já recebeu neste ano mais de 6 mil litros do produto, volume superior aos 5,65 mil litros recebidos durante todo o ano passado.

O projeto, que envolve população, governo e iniciativa privada, tira milhares de litros de óleo de cozinha do meio ambiente, gerando renda e contribuindo para os trabalhos do Hospital Erasto Gaertner, principal centro de diagnóstico e tratamento de câncer do Paraná. A Secretaria do Meio Ambiente é um dos diversos postos de coleta que existem no Estado, em indústrias, bares, restaurantes e lanchonetes.

O circuito começa no ponto de coleta da Secretaria do Meio Ambiente, onde todo o óleo recebido é entregue à reciclagem. A partir dele são fabricados detergentes, água sanitária, sabão em pasta e em pedra – 10% desses produtos de limpeza são doados ao Erasto Gaertner.

Este é mais um exemplo de que um problema ambiental pode virar uma oportunidade, afirma o secretário estadual do Meio Ambiente, Caetano de Paula Munhoz. Nosso desafio é demonstrar que a questão ambiental, além de ser urgente é também um grande palco para a conscientização social, no que diz respeito a reutilização desses resíduos, diz o secretário.

POLUIÇÃO – Um litro de óleo de cozinha pode contaminar até 20 mil litros de água. Isso porque os óleos, seja de origem vegetal ou animal, são insolúveis na água.

Quando descartado no ralo da pia ou do banheiro, o óleo vai para o esgoto, pode entupir as tubulações e poluir os rios e mananciais de abastecimento público. Se lançado diretamente no solo, também causa problemas, pois acumula nos bueiros ou nas margens dos rios, o que impermeabiliza o solo e agrava a situação das enchentes.

COLETA E RECICLAGEM – Apenas empresas licenciadas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) podem fazer o recolhimento e a reciclagem do óleo pós-consumo. A empresa envolvida no projeto da Secretaria do Meio Ambiente é a Ambiental Santos, que atua há 18 anos na coleta e reciclagem de óleos e gorduras vegetais, e é pioneira do ramo no Paraná.

O diretor da empresa, Marcos Santos, explica que os maiores e mais antigos pontos de coleta são indústrias, que tem a entrega do óleo como política ambiental. “Embora a obrigatoriedade da separação do óleo não esteja prevista em lei, é norma nas empresas que têm a certificação ISO 14001 e, por isso, passa a ser rotina”.

Além de indústrias, a empresa recolhe o óleo pós-consumo em restaurantes, lanchonetes, hotéis, cozinhas industriais, supermercados, panificadoras e condomínios residenciais. O produto é transportado até a sede da empresa, em Itaperuçu, região metropolitana de Curitiba, onde passa pelo processo de reciclagem.

EXEMPLOS – Estima-se que Curitiba e região metropolitana tenham mais de dois mil pontos de coleta de óleo pós-consumo. A maioria deles fica em pontos comerciais. Só em Santa Felicidade, maior bairro gastronômico de Curitiba, são recolhidos 6,5 mil litros de óleo por mês usados nos restaurantes.

COLABORAÇÃO – Alguns condomínios residenciais também já incorporaram a prática. O Malibu I, prédio que fica no bairro curitibano Boqueirão, entrega cerca de 10 litros de óleo por mês para a reciclagem e, em troca, recebe detergente líquido que é usado na limpeza da área comum.

A síndica, Josefa Dombroski, conta que a colaboração é quase unânime entre os moradores dos 112 apartamentos. “Desde que tivemos a ideia de fazer a separação, há quatro anos, a maioria concordou e passou a descartar seu óleo separadamente. Os únicos que não entregam o óleo são aqueles que o reciclam em casa”.

Josefa lembra que os benefícios foram instantâneos: “Sempre tínhamos problema com o entupimento das tubulações, principalmente no inverno, causando prejuízos inclusive financeiros aos condôminos. E nesses últimos anos, não entupiu uma única vez”.

A coleta também é feita em outras regiões do Estado, como em Guarapuava, onde a GRT Óleo Vegetal atende atualmente 130 municípios. A empresa que está no mercado há quatro anos, recolhe cerca de 70 mil litros de óleo por mês. O produto é separado e vendido para usinas de biodiesel.

Para Gilson Tschá, proprietário da GRT, o trabalho de educação ambiental nas escolas deve ser reforçado. Antes as pessoas não sabiam o que fazer com o óleo que usavam para cozinhar. Agora damos um destino. A aceitação com o recolhimento do produto é muito boa. Acredito que todo um trabalho de educação ambiental deve ser feito, principalmente nas escolas, porque a conscientização começa desde pequeno.

COMO FAZER – Depois de usado, o óleo de cozinha deve ser separado e armazenado em recipientes com tampa, como garrafas PET ou embalagens de vidro, que podem ser entregues gratuitamente no ponto de coleta mais próximo da sua casa. Geralmente eles ficam em mercados, shoppings, lanchonetes e bancos. O ponto de coleta da Secretaria do Meio Ambiente fica em Curitiba, na Rua Desembargador Motta, 3384.