FELIPE GUTIERREZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que irá contestar juridicamente a tese de que os executivos que admitiram o pagamento de propina tenham sido forçados a participar do esquema de fraude de licitações que está sendo investigado pela Polícia Federal. “Vamos combinar que nessa situação não existem néscios e nem papalvos [não existem ignorantes e nem patetas]”, disse o procurador.
“É muito difícil acreditar que atividades empresariais dessa estatura possam ter sido alvo de concussão e uma que as levasse à fraude a licitação, divisão de mercado e um lucro excelente como resultado. Ninguém é obrigado a ganhar dinheiro e a lucrar com uma atividade ilícita. É uma tese que nós contestaremos juridicamente”, completou.
Ele repetiu que está esperando o resultado de todas as delações para “ter uma noção de contexto e conjunto e estabelecer a estratégia do Ministério Público”.
Sobre a natureza do que foi dito até o momento nos acordos com a Polícia Federal, ele afirmou que “as delações têm conteúdo”.
Ele também salientou que, além das prisões que devem acontecer por causa desse processo, um outro desdobramento deve ser uma reforma política. “É isso que eu aposto que vai acontecer. Quantidade de partidos, financiamento, fidelidade partidária: temos que alterar a estrutura do sistema político brasileiro que se mostrou vencido, enferrujado, que não produz mais efeitos”.
Janot está em Buenos Aires, onde deve ficar até a sábado (22), para um encontro de procuradores do Mercosul. Ele contou que foi fechado um acordo para formar um grupo entre Brasil e Argentina para investigar violações de direitos humanos.