SÃO PAULO, SP – Pelo menos 15 pessoas foram presas na noite desta quinta-feira (20) durante um confronto entre a polícia e manifestantes no fim de um protesto que reuniu milhares de pessoas na Cidade do México contra o desaparecimento dos 43 estudantes da escola normal de Ayotzinapa, no sul do país.
Os confrontos aconteceram por volta das 20h locais (0h em Brasília), quando os pais dos desaparecidos e outras entidades que participavam do evento haviam encerrado o ato e deixavam o Zócalo, praça principal da capital mexicana.
Enquanto isso, cerca de 200 pessoas, em sua maioria mascarados, tentavam romper o cerco colocado pela polícia para proteger o palácio presidencial mexicano. Eles atiraram pedras, coquetéis molotov, fogos de artifício e usavam aerossóis como lança-chamas contra as forças de segurança.
Alguns dos manifestantes repetiram o discurso de que não se usasse a violência, que foi repetido em toda a manifestação, para tentar dissuadir o grupo, mas não tiveram sucesso.
Os mascarados continuaram a atacar os policiais, que não reagiram no primeiro momento, mas depois os atacaram com extintores de incêndio, gás pimenta e cassetetes. Não há informações de feridos entre os manifestantes.
No meio do confronto, a polícia agrediu dois jornalistas da agências de notícias Associated Press, que se feriram e tiveram suas duas câmeras e lentes levadas pelas forças de segurança.
O secretário de Governo mexicano, Miguel Ángel Osorio Chong, confirmou as prisões. Ele afirma que o governo respeitou e acompanhou a manifestação todo o tempo, mas disse que o Estado teve que atuar.
“Não vamos permitir que terceiros sejam feridos, assim como não permitiremos que sejam feridas as instituições. A maioria dos mexicanos pede que [o governo] atue e não permita estes fatos violentos”, disse.
Além do confronto no Zócalo, dois policiais foram feridos e 15 manifestantes mascarados foram presos durante confronto perto do aeroporto internacional Benito Juárez, que serve a capital, na manhã de quinta (20). Também houve vandalismo e saques nas manifestações no Estado de Chiapas, no sul do país.
DESAPARECIDOS
Segundo a Secretaria de Governo da Cidade do México, cerca de 30 mil pessoas foram à manifestação, que reuniu pais dos normalistas que haviam saído há duas semanas do Estado de Guerrero, onde fica a escola normal rural de Ayotzinapa, em caravanas por todo o país.
Eles receberam o apoio de estudantes, professores e outros moradores da capital, em um grande protesto contra a violência no país. O principal grito é que o desaparecimento foi provocado pelo Estado, em referência às conexões entre políticos e membros dos cartéis do tráfico de drogas e grupos de extermínio.
A crise começou quando os 43 alunos de Ayotzinapa desapareceram em 26 de setembro após uma emboscada na cidade de Iguala, no Estado de Guerrero, organizada por policiais municipais e membros do cartel Guerreros Unidos.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, a ataque foi ordenado pelo prefeito da cidade, José Luis Abarca, para evitar que os alunos chegassem a um evento que lançaria sua mulher, María de los Ángeles Pineda, à sua sucessão.
Os estudantes eram conhecidos por sua participação em movimentos sociais e já haviam protestado antes contra o prefeito, quando ele foi acusado de matar um dos principais líderes sindicais do Estado de Guerrero em 2013.