FELIPE GUTIERREZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA – O secretário de Justiça da Argentina declarou que multará a Hotesur, empresa da presidente Cristina Kirchner que está com documentação irregular e sem apresentar balanços de patrimônio há três anos, em 3.000 pesos (R$ 894).
Uma noite em um quarto para três pessoas no hotel Alto Calafate, que é controlado pela empresa, sai por 3.016 pesos (R$ 898), segundo o site do estabelecimento.
O hotel fica na cidade de Calafate, no Estado de Santa Cruz, no sul do país, mas a sede administrativa fica em Buenos Aires. Um programa de TV mostrou que não há nada em funcionamento no escritório na capital.
Uma mudança de escritório deve ser comunicada a um órgão que controla as sociedades comerciais na Argentina. Além disso, todos os anos, as empresas precisam enviar seu balanço patrimonial. A Hotesur não apresenta documentos desde 2011.
Julián Alvarez, o secretário de Justiça do governo, declarou a uma rádio na manhã desta segunda (24) que o órgão vai “aplicar uma multa ao Hotesur e será a mais severa. A multa é de 3.000 pesos não porque nos deu na telha, mas, sim, porque está regulamentado assim. [A falta de documentos] é uma irregularidade mais leve do que atravessar um semáforo vermelho”, disse.
Na semana passada, o juiz Claudio Bonadio mandou fazer uma busca e apreensão na sede administrativa da empresa de Cristina Kirchner, que fica em Buenos Aires. A ação foi decorrente de um pedido da deputada de oposição Margarita Stolbizer, que levantou a suspeita de que o hotel seja usado para lavar dinheiro.
O juiz, que passou a ser atacado pelos governistas, pediu documentos do órgão que controla as sociedades comerciais.
A empresa emitiu um comunicado reconhecendo as irregularidades com esse órgão, que é vinculado à Secretaria de Justiça. O texto não traz assinatura e foi divulgado em canais ligados à Presidência, como no Twitter oficial da Casa Rosada.
O comunicado afirma que o hotel está em “processo de normalização” da documentação contábil desde 2011, mas argumenta que, apesar de não ter entregado o balanço patrimonial ao órgão que controla as sociedades comerciais, está em dia com o fisco.
Para concluir o raciocínio, o texto diz, em letras maiúsculas, que “não há manobra de ocultamento da nossa situação econômica e financeira. Se tivesse existido, não teríamos apresentado a nenhum órgão”.
Em relação ao local do escritório, o comunicado afirma que a empresa decidiu ir para o Estado de Santa Cruz, “o lugar onde se desenvolvem as atividades econômicas”, em março de 2010 e que “está em trâmite o cancelamento da jurisdição de Buenos Aires”.