Empresas se aventuram a produzir conteúdo publicitário, jogos e até novos modelos de óculos
Embora a realidade virtual ainda engatinhe com protótipos e modelos comerciais não acessíveis ao usuário comum, brasileiros se aventuram a produzir conteúdo publicitário, jogos e até novos modelos de óculos – concorrentes dos poucos presentes no mercado -, apostando num público curioso pela experiência proporcionada pelos dispositivos.
O interesse por realidade virtual, que já contava com aplicações desde a década de 1970, retornou com o lançamento do Oculus Rift em 2012. O dispositivo levou a tecnologia, que promove a imersão do usuário em um ambiente 3D, ao alcance do mercado consumidor tanto por sua mobilidade quanto pelo preço mais acessível (US$ 350) e sua abertura aos desenvolvedores que desejam criar conteúdo para a plataforma.

A empresa Oculus VR, comprada pelo Facebook por US$ 2 bilhões em março, lançou apenas duas versões do eletrônico, voltadas exclusivamente para desenvolvedores. Um modelo mais bem acabado, voltado para o consumidor, deve chegar neste ano.

A fase de testes não foi vista como um impedimento, mas sim como uma oportunidade para os amigos Marcel Vosylius e Ericsson Santos. Após cinco anos trabalhando com publicidade e criação 3D, os game designers criaram, com o arquiteto Paulo Santos, a empresa 8e7, que seria, segundo eles mesmos nomearam, uma “produtora de mídias interativas”.

“Não tinha um nome para o que a gente queria fazer, que é trabalhar justamente com mídias novas, que colocam o usuário ou o consumidor para interagir com o produto”, diz Ericsson. De São Paulo, além de trabalhar com realidade aumentada, maquetes 3D e aplicativos, a empresa passou há dois anos a produzir também para o então recém-nascido Oculus Rift.

Com a ideia fixa nesse novo nicho, conseguiram clientes como uma construtora, para a qual desenvolveram um apartamento decorado, que poderia ser “visitado” pelo cliente através do Oculus, e um jogo que exige trabalho em equipe, utilizado pelo reality show de negócios O Aprendiz.

A realidade virtual passou a fazer parte também do dia a dia da agência de publicidade Enken, de São Paulo. Ativa há oito anos, resolveu dar treinamento e alocar 15 dos seus funcionários para desenvolver conteúdo para o Rift no início deste ano. De lá para cá, conseguiram trabalhos como o de um estande decorado em realidade virtual e um simulador de corrida de moto para uma concessionária. Com a nova plataforma assumida pela empresa, a agenda já ficou com projetos a serem concluídos até março. “Daqui a alguns anos, quem não oferecer algo em realidade virtual corre o risco de ser um estranho no ninho”, diz Fábio Menezes, diretor de tecnologia da agência.