A evolução cada vez mais acelerada nas tecnologias de informação tem impactado praticamente todos os campos sociais, e o setor educativo é condutor e caudatário de grande parte desse processo. Crianças e jovens da chamada geração digital têm novos códigos, novas formas de relacionamento e, até mesmo, novos processos de interação mental; isso não poderia deixar de exigir mudanças instigantes e radicais no sistema educacional.
Muitos adultos, educados em princípios de compartimentalização do conhecimento em campos altamente especializados, para obter eficiência técnica, ainda tendem a ver o professor como um transmissor de conteúdos, cabendo ao aluno retê-los e repeti-los.

O aluno de hoje demanda liberdade e autonomia: conectado na maior parte do tempo a um mundo virtual imenso em possibilidades, parece perder parte do contato com as exigências e necessidades do mundo real, que as cobrará inevitavelmente. É imprescindível que os educadores procurem estabelecer o equilíbrio entre as promessas de telas luminosas e o processo de ensino-aprendizagem.

Já no início do século vinte, o pedagogo e filósofo americano John Dewey defendia a instrução voltada ao desenvolvimento do raciocínio e espírito crítico dos educandos, considerando que o pensamento não poderia existir isolado das ações e das relações sociais. Segundo este pesquisador, a mais importante atitude a ser formada é a do desejo de continuar a aprender. Assim, apoiava a participação efetiva dos alunos nas atividades escolares como essencial na aprendizagem, para incremento de suas habilidades e competências. Provavelmente ele hoje proporia o uso dos celulares dos estudantes como uma das ferramentas do processo educacional, o que é perfeitamente possível, mas um recurso ainda pouco explorado pelos professores.

Recentemente começaram a ser utilizadas metodologias de ensino-aprendizagem denominadas ativas, por priorizarem a participação de educandos e educadores na construção do conhecimento. Dentre elas destacam-se aquelas onde são usadas a problematização como estratégia, sendo o docente mediador entre o aluno e o conhecimento, com o aluno participando de todas as etapas resolutivas, e a avaliação feita de modo processual e formativo.

Podem ser utilizados problemas teóricos, propostos pelo professor, ou então retirados de cenários reais, com o uso de recursos computacionais ou apenas de livros e meios mais tradicionais de acesso ao conhecimento.
A elaboração de desafios adequados ao conhecimento prévio e possibilidade de acesso tecnológico dos alunos exige alto grau de dedicação, uma mudança profunda nos hábitos já cristalizados e um esforço para superar barreiras, normais entre alunos que praticamente nasceram utilizando recursos de informática e professores que com eles tomaram contato já adultos ou na adolescência.

Trabalhar em cenários reais, com todas as suas contradições cognitivas, certamente agradaria ao jovem, no conceito daquilo que o grande educador brasileiro Paulo Freire definia como Ação – Reflexão – Ação Transformadora, capaz de alterar significativamente a educação nacional.

Sabemos que a escola deve mudar profundamente ao longo do século XXI, o avanço da ciência e a alteração dos comportamentos trarão evolução rápida e abrirão horizontes novos de saberes. Os fundamentos da educação deverão incluir, para acompanhar as necessidades desta nova comunidade, metodologias mais ativas em sala de aula, práticas de solução de problemas, estímulo à criatividade, inovação e a constatação de que a aprendizagem deverá ser estendida ao longo da vida.

Em qualquer delas, um bom professor continua fundamental.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.