SÃO PAULO, SP – O governo jordaniano informou nesta quarta-feira (28) que está disposto a liberar a terrorista iraquana Sayida al-Rishawi se a milícia radical Estado Islâmico fizer o mesmo com o refém jordaniano Muaz Kassabeh, piloto capturado na Síria pelos extremistas.
O porta-voz governamental, Mohamed al-Momani, explicou num comunicado que a prioridade é garantir a sobrevivência de Kassabeh e que o país estaria disposto a, em troca disso, liberar Rishawi.
Ele insistiu que a postura da Jordânia foi clara desde o início, e que o maior objetivo sempre foi a liberação do piloto.
No comunicado, Momani não fez menções a Kenji Goto, jornalista japonês também nas mãos da milícia e cuja liberação tem sido negociada entre Tókio e Amã (já que, a princípio, os jihadistas queriam trocar Rishawi por Goto, não por Kassabeh).
Rishawi está presa e condenada à morte por um atentado num casamento em Amã em 2005.
Ela tinha explosivos presos ao corpo, que falharam. Três de seus comparsas, porém –incluindo seu marido– conseguiram detonar seus dispositivos, matando ao menos 60 pessoas.
Numa gravação divulgada no sábado, o Estado Islâmico havia pedido a libertação da extremista em troca da vida de Kenji Goto.
Tókio iniciou então uma negociação com Amã, articulando a liberação da terrorista em troca da vida do japonês.
Segundo o jornal jordaniano “Jordan Times”, o Estado Islâmico teria então proposto uma troca de “dois por dois”, que consistiria na liberação de Goto e do piloto Kassebeh em troca de Rishawi e de um outro jihadista condenado na Jordânia em 2008.
Na terça, o Estado Islâmico ameaçou matar Goto e Kassabeh –mencionando o piloto jordaniano pela primeira vez– em 24 horas caso Rishawi não seja solta. O vídeo contendo a gravação foi publicado no Youtube. Quem fala é Goto, em inglês.
APELOS
Hoje, o paí de Kassabeh e a mãe de Goto se dirigiram a seus governos, clamando pela vida de seus filhos.
“Clamamos pelo regresso de Muaz. Temos uma única demanda: a volta de Muaz a qualquer preço”, disse Safi el Kassabeh, disse Safi el Kassabeh, pai do piloto jordaniano.
Por sua vez, Junko Ishido, mãe de Goto, fez um pedido ao premiê japonês, Shinzo Abe.
“Senhor primeiro-ministro, lhe peço encarecidamente, salve a vida de Kenji, continue negociando com o governo da Jordânia”, pediu.
SEQUESTROS
Não há muitas informações sobre o sequestro de Goto. Aparentemente, o jornalista independente teria sido capturado na Síria no fim de outubro.
Já Kassebeh foi capturado pelo Estado Islâmico quando o F-16 que pilotava caiu também na Síria. Ele participava de uma ação da coalizão liderada pelos EUA que combate os jihadistas.
Na revista de propaganda do EI, a Dabiq, Muaz chegou a dar uma entrevista dando detalhes das operações contra o grupo.
Quando perguntado se tinha consciência de qual seria seu futuro, o jordaniano respondeu “sim, me matarão”.