BRASÍLIA, DF – O diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, disse que o risco de haver um racionamento de energia no país é de 60%. Pires, que foi um dos colaboradores do programa energético da campanha do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB), participou, nesta sexta-feira (30), de um evento realizado pela bancada do partido em Brasília, para discutir a crise no setor. “O setor elétrico está vivendo o pior momento da vida dele. Tem uma conta para pagar de R$ 115 bilhões [acumulada de 2012 a 2014, segundo suas estimativas], assumida pelo setor, em função dessas tarifas populistas e estamos na beira de um racionamento”, disse. Segundo o especialista, o governo está “novamente” apostando na chuva para conseguir resolver a situação. “É inacreditável um ministro de Minas e Energia [citando Eduardo Braga] declarar que está esperando o reservatório chegar a 10% [para decretar um racionamento]. Ele está esperando o blecaute”, afirmou.

Para o especialista, a presidente Dilma Rousseff deveria fazer um pronunciamento em rede nacional de televisão para lançar um grande programa de eficiência energética e propor a racionalização do consumo elétrico. “Pedindo que voluntariamente as pessoas diminuam seu consumo. Em pouco tempo não vai ter nem energia para fornecer para a população. Vai ter que ter corte mesmo”, completou. PETROBRAS Pires classificou a atual crise vivida pela Petrobras como uma “tragédia” ignorada pelo governo, que não estaria tomando as providências necessárias para salvar a empresa. “O governo é o grande culpado, que destruiu a Petrobras para fazer política econômica, segurar a inflação. Usando a empresa para ajudar os partidos, o PT e aliados. Para fazer política industrial, elegendo os amigos do rei”, afirmou. Para ele, a solução para a estatal depende de uma reformulação completa. “É preciso trocar a diretoria, o Conselho de Administração.

Imediatamente. Refundar a empresa”, argumentou. “Uma empresa de 400 mil funcionários, vamos combinar que é ingovernável.” Pires reforçou que não defende a demissão de funcionários, mas o que chamou de “dar um novo arranjo para a empresa”. “Esse arranjo de Petrobras como é hoje, esse gigantismo todo, é ingovernável”, disse sem dar mais detalhes. “Será que esse governo que levou a Petrobras a essa situação caótica tem competência para tirar a Petrobras do fundo do buraco? Lamentavelmente eu acho muito difícil.”