CÁTIA SEABRA E MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF – Contando com a definição da disputa pela Presidência da Câmara em segundo turno, o candidato do PT, Arlindo Chinaglia (SP), tenta atrair os votos da oposição para garantir a sua vitória sobre o seu principal adversário, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Em discurso em um jantar realizado pelo partido na noite de sábado (31), em Brasília, Chinaglia citou conversa que teve com o senador eleito José Serra, do PSDB de São Paulo.
Segundo Chinaglia, Serra criticou o comportamento de Cunha e disse que a eleição deveria ser uma disputa de valores. O tucano teria dito ainda que Cunha está partindo para o ataque porque está com medo.
Chinaglia relatou parte da conversa por telefone que teve com o senador aos convidados. De acordo com ele, Serra teria dito: “não podemos apenas pensar em derrotar o PT sem pensar no que é melhor para o país”.
“Liguei para ele para agradecer porque ele se expôs. Só faltou pedir voto para nós”, afirmou Chinaglia em referência à declaração do deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), ligado a Serra, que declarou apoio à Chinaglia.
“Eles não podem fazer oposição por oposição”, completou. No local, não havia parlamentares oposicionistas.
A mudança de posição do PSDB se deu depois de uma declaração de Cunha de que cerca de 30% dos deputados do PSB deveriam votar nele. O partido lançou candidatura própria, com o deputado Júlio Delgado (MG).
A declaração do peemedebista foi interpretada como uma tentativa de esvaziar a candidatura de Delgado. Oficialmente, o PSDB definiu apoio ao PSB mas como as chances de Delgado ir para um eventual segundo turno são mínimas, Chinaglia quer garantir a migração de votos da oposição para ele.
Durante o discurso, Chinaglia voltou a querer mostrar independência em relação ao governo e ao próprio partido. “Não é porque estou no PT que fico à mercê do partido”, disse.
O jantar de Chinaglia, que ocorreu em local próximo do de Cunha, a bebida servida era chope.