Uma ode a Xangô é a arma da Escola de Samba Embaixadores da Alegria para entrar na avenida este ano. O samba-enredo O Alafin de Oyó – Uma viagem à terra mística do Rei Xangô trouxe mudanças no desfile da mais antiga escola de samba de Curitiba, em atividade desde 1948.

Mais do que entrar na avenida com o pé direito, a Embaixadores da Alegria não economizou em energia. Mestre Rogério, o comandante da bateria resolveu incorporar 15 atabaques ao grupo de ritmistas, o instrumento sagrado dos terreiros, que pela primeira vez vai mostrar sua força numa escola de samba. Nossa bateria é o coração da escola. São 50 músicos que estão ensaiando desde outubro para fazer bonito na Marechal, diz Rogério Miranda.

A Embaixadores da Alegria é uma escola familiar. Por lá circulam famílias inteiras, que por vezes chegam a ultrapassar 30 membros por sobrenome, conta Suzy D’Ávilla, que desde 1982 está praticamente à frente da escola. Antes, como presidente e há dois anos como mãe da presidente. É minha vida esta escola. Por isso tirei licença prêmio do meu emprego, como professora do ensino fundamental da Prefeitura, para cuidar do desfile. Assim não atrapalho o início das aulas e consigo deixar a escola pronta para entrar na avenida, diz.

São 400 integrantes e três carros alegóricos. Gente vinda de Santa Quitéria, Tatuquara, Cidade Industrial e muitos municípios da Região Metropolitana. Como Leonir Lucinda dos Santos, oitenta anos e meio, como ela diz, e com todo o ânimo para rodar a baiana. A mais antiga integrante da ala das baianas ainda tem disposição e amor para ensinar as novatas na arte da baianidade da avenida. Não tem como explicar. Todo ano é a mesma espera. Colocar a fantasia e sair rodando pela avenida. Essa é a magia, diz.

Experiência compartilhada por outros membros da escola, como o primeiro Mestre-sala Irajá Carvalho, que há 17 anos ocupa o posto na Embaixadores da Alegria. É uma honra carregar o pavilhão da escola, diz ele, com seu porte aristocrático e sabedor de que a função de maior importância e destaque em um desfile de escola de samba é o casal de mestre-sala e porta-bandeira.

Célia Pereira, 30 anos, é a Rainha da Bateria. A seu favor, o samba e o sorriso largo. Tudo pela Embaixadores. Carnaval é alegria e vou levar toda a minha garra para a avenida. Vestir a camisa, diz ela, com a certeza de que sua figura cria interesse nas pessoas. A cada ano o carnaval apresenta suas novidades, enriquecendo a festa, tornando-a mais bonita e divertida para os foliões e plateia, afirma a rainha.

O primeiro passista Felipe Junior, 20 anos, veio importado de Rondônia. Filhos de militares, possui uma ginga que faz inveja. Especialista no samba de raiz, mostra com orgulho sua destreza para o bailado que, com certeza, vai encantar a avenida. Fui adotado por Curitiba. E é aqui que, pela segunda vez, quero brilhar na avenida, conta.

A Embaixadores da Alegria entra na Marechal Deodoro aos 40 minutos do dia 15, domingo de carnaval.