O que falta à nova geração, reflete Renato Teixeira, é o poder da consagração. Por mais sucesso e mais talento que tenham, artistas surgidos no novo modelo de negócio, e mesmo os titãs do século passado, não conseguem mais fazer suas criações atingirem a imortalidade. Tudo é passageiro, rápido, voraz.

Uma discussão muito além das terras da Cantareira, que envolve novas mídias e uma outra relação do próprio homem com a música. Seria a hora de os últimos consagrados entrarem em campo pelos novos? Renato está tentando fazer isso. “O músico tem que ser funcionário”, diz ele, sem saber que repete na calmaria de sua casa na Cantareira o discurso que os papas da nova indústria pregam em conferências pelo mundo, nos seus cantos mais escondidos.

Renato fala sem um soluço que entregue o drama que o abateu em novembro de 2014. Ali mesmo naquela casa plantada em meio a um santuário, seu filho João Lavraz, também músico e compositor, decidiu deixar de viver. O pai colocou sua dor em uma carta aberta, divulgada pela internet. “Meu filho João cometeu suicídio. Então tudo fica muito estranho e a vida meio que perde um pouco o sentido…”, narrou. Sem dizer nada entre os amigos no dia da gravação, ele fez um sinal para Chico e os dois começaram a cantar Pai e Filho, a versão que fizeram para Father and Son, de Cat Stevens. E o volume da Cantareira deixou até os pássaros mudos.